Por meio do projeto ‘Mais Inteligência, Mais Cacau’, produtores recebem consultoria de engenheiros agrônomos. A iniciativa faz parte de um investimento de R$ 110 milhões da empresa no Brasil entre 2022 e 2025
No Brasil, o principal gargalo na produção de cacau é a baixa produtividade média, que se encontra em torno de 450 kg por hectare ao ano, apesar do alto potencial do fruto do cacaueiro, que pode produzir até 3 toneladas por hectare/ano.
Diante desta realidade, a Nestlé Brasil, maior compradora de cacau do país, decidiu criar em 2022, em parceria com a consultoria Labor Rural, o projeto ‘Mais Inteligência, Mais Cacau’. O objetivo da iniciativa é aumentar em 20% a produtividade e em 30% a rentabilidade dos produtores parceiros, no prazo de três anos. O projeto faz parte de um investimento de R$ 110 milhões da Nestlé no Brasil entre 2022 e 2025, por meio do programa de sustentabilidade Nestlé Cocoa Plan.
Segundo explica Igor Mota, gerente de agricultura de cacau da Nestlé Brasil, a grande referência desse projeto é o sistema de gestão desenvolvido junto à Labor Rural, chamado Elabore Cacau, que oferece ao produtor de cacau todas as informações necessárias para a tomada de decisões técnicas.
“Os produtores passam a ter parâmetros essenciais para a cultura do cacau, conseguindo identificar, por exemplo, qual é o ponto de equilíbrio entre produtividade e rentabilidade. Ou ainda qual é o ponto de equilíbrio para saber quanto da minha renda eu deveria estar investindo em fertilização? Ou em irrigação?”, afirma Mota.
Ao longo de três anos, os produtores participantes do ‘Mais Inteligência, Mais Cacau’ recebem consultoria técnica e gerencial, por meio de visitas mensais realizadas por engenheiros agrônomos com alto nível de conhecimento em cacauicultura.
O técnico leva as melhores práticas de manejo – do plantio até a colheita –, passando por poda, adubação e produção de mudas de alto valor genético, chegando até o beneficiamento da amêndoa. O consultor também trabalha o gerenciamento da propriedade, buscando redução de custo e aumento da lucratividade.
Os produtores registram todas as atividades realizadas na produção e venda, além de todos os gastos realizados – desde uma caixa de prego ou um saco de fertilizante até o salário dos funcionários. O consultor então recolhe todas as informações, lança no sistema de gestão, e, com as informações geradas, faz reuniões mensais sobre os resultados e o planejamento futuro.
Produtividade e rentabilidade em alta
Os resultados parciais do grupo piloto, formado por 24 fazendas localizadas no estado do Pará, superaram as expectativas. No primeiro ano agrícola completo do ‘Mais Inteligência, Mais Cacau’ (setembro de 2023 a agosto de 2024), o grupo registrou aumento de 18% de produtividade, alcançando 808 quilos de amêndoas por hectare, na comparação com os 12 meses anteriores ao projeto.
O indicador de rentabilidade foi ainda mais positivo: aumentou 44%, já calculado a preços de 2023, para eliminar a distorção da alta da commodity em 2024 – a rentabilidade considera o retorno sobre o capital investido para a formação e manutenção da fazenda, incluindo o custo da terra. Levando em conta os valores reais praticados em 2023 e 2024, a rentabilidade do grupo quintuplicou, atingindo 400%, na comparação com o período imediatamente anterior.
“Este é mais um indício de que a cacaucultura tem um enorme potencial de crescimento, um dos maiores do agronegócio brasileiro, por se tratar de uma cadeia formada principalmente por pequenas e médias propriedades, com pouca capacidade de investimento e de gestão”, afirma o gerente.
A expectativa, ainda de acordo com Mota, é que os indicadores melhorem ainda mais até dezembro de 2025, quando o projeto chegará ao final. Com o sucesso inicial do projeto, o número de fazendas participantes foi ampliado. Hoje são 50 produtores no Pará, 30 na Bahia e mais 30 no Espírito Santo, totalizando 110 produtores.
O norte de Minas, o oeste da Bahia e Rondônia são as próximas regiões que devem se beneficiar com o ‘Mais Inteligência, Mais Cacau’.
Por: Fabiana Rolfini