Andrea Kestenbaum foi selecionada ao lado de líderes empresariais de todo o mundo que combinam lucro e propósito em busca dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU
A sócia-fundadora e CEO da Positive Ventures, a brasileira Andrea Kestenbaum, está na lista Meaningful Business 100 de 2023, divulgada na manhã desta quarta-feira (11), ao lado de líderes empresariais de todo o mundo que combinam lucro e propósito para ajudar a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas).
A Positive Ventures é uma gestora de venture capital com escritórios em São Paulo e São Francisco, nos EUA, que investe globalmente em startups com impacto econômico, social e ambiental.
Além de Andrea, outros quatro brasileiros também figuram na lista elaborada pela organização global Ernst & Young (EY), o escritório de advocacia Hogan Lovells e a escola de negócios Babson College. Conheça os cinco vencedores a seguir.
Andrea Kestenbaum, cofundadora e CEO da Positive Ventures
Mestre em Economia e Sustentabilidade pela Universidade Politécnica da Catalunha, na Espanha, Andrea possui especialização em liderança pelo MIT e é pós-graduada em práticas sustentáveis na cultura corporativa pela Universidade de Stanford. A empresária integra ainda o Conselho Deliberativo do Instituto de Cidadania Empresarial e foi eleita, em 2022, pela associação LAVCA, como uma das Top Women Investing in Latin America Tech pelo seu trabalho à frente da Positive Ventures, fundo de venture capital, fundado em 2016.
A Positive Ventures investe em empreendimentos que estão começando e cujo objetivo é usar tecnologia e inovação para transformar a sociedade e o planeta por meio de soluções disruptivas e com retorno financeiro. “Fazemos apenas o que chamamos de investimentos decisivos, isto é, que amparados por evidência, fazem a diferença para alcançarmos um modelo econômico mais sustentável e inclusivo”, declara a companhia.
Em seu portfólio estão startups como Eureciclo, que gera e comercializa créditos de reciclagem; Pachama, que usa dados e inteligência artificial para proteger ecossistemas, restaurar florestas e impulsionar o mercado de créditos de carbono; Ruuf, marketplace chileno que conecta consumidores com instaladores de painéis solares; e Ten Lives, que usa tecnologia para produzir proteína de forma acessível e sem animais, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa vinculados à produção de carne.
No total, o portfólio contém 18 empresas no Brasil, América Latina e Estados Unidos. Segundo o Relatório de Impacto de 2022, os negócios apoiados pela Positive Ventures já compensaram 660 mil de toneladas de resíduos sólidos, geraram 2 milhões de créditos de carbono e criaram 2,3 milhões de oportunidades de trabalho. A soma do valor de mercado das empresas do portfólio já ultrapassa o valor de R$ 5 bilhões.
Este ano, a Positive Ventures captou, no seu segundo fundo, o valor de R$120 milhões, com o apoio de investidores institucionais e pessoas físicas que já tinham entrado na primeira experiência, como a ambientalista e empreendedora social Teresa Bracher e o CEO da Natura, Fábio Barbosa. A novidade do fundo será dobrar a sua aposta em soluções efetivas contra os impactos da emergência climática.
Anthony Eigier, cofundador e CEO da NeuralMed
Formado em economia pela Northwestern University e em análise de dados pela Kellogg Executive Education, o empreendedor digital Anthony Eigier criou, em 2018, a NeuralMed, ao lado do médico e PHD em inteligência artificial André Coutinho Castilla. A startup paulistana usa IA para analisar dados e estabelecer prioridade de atendimentos por meio de uma triagem inteligente dos pacientes.
Os algoritmos desenvolvidos pela empresa analisam de forma automatizada exames médicos como radiografias, tomografias e eletrocardiogramas, ordenando a lista dos pacientes por prioridade clínica e não por ordem de chegada. Dessa forma, é agilizado o atendimento de pessoas com exames alterados.
Além de aumentar a qualidade do atendimento, as soluções auxiliam os clientes com uma análise mais rápida e precisa de diagnósticos, resultando em redução de tempo e de custo dos processos em hospitais, prontos-socorros, clínicas e outras instituições de saúde.
Segundo a startup, os serviços podem ser utilizados tanto pelas interfaces criadas pela startup quanto via API, integrada ao sistema do clientes, otimizando processos e gerando valor para gestores e equipes assistenciais.
Atualmente, as soluções monitoram mais de 5 milhões de pessoas e ajudam mais de 130 hospitais. O total de investimento captado até o momento é de US$ 2,2 milhões, segundo Eiger. O Grupo NotreDame Intermédica, Alexia Ventures, Norte Ventures, MG Tech e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) estão entre os investidores.
Danilo Costa, fundador do Educbank
Formado em em Direito pela FGV-SP, Danilo Costa se confrontou com o problema da inadimplência e da falta de acesso à capital ao administrar uma rede de escolas. Para que as instituições educacionais pudessem focar no ensino e em estratégias de inovação, ele criou o Educbank em 2020.
A empresa fornece o pagamento das mensalidades às instituições, garantindo segurança financeira de longo prazo sem interferir na autonomia da operação educacional. “Não é um seguro e nem um empréstimo. É um benefício mesmo”, diz Costa. “O Educbank assume o risco de apoiar financeiramente as escolas com o maior potencial de alavancar o futuro do Brasil.”
As escolas beneficiadas são selecionadas por meio de um processo seletivo que ranqueia instituições com alto potencial acadêmico e de crescimento. O montante de investimento para cada uma delas é definido através de um modelo de classificação para o setor. Através de machine learning, é calculada uma pontuação que correlaciona o aprendizado dos alunos, a qualidade operacional e o valor das mensalidades de cada escola.
A companhia fornece às instituições selecionadas apoio financeiro, acesso a capital, linhas de fomento, meios de pagamento, subsídios à tecnologia, ferramentas de gestão, além de consultorias de contabilidade e marketing. Aproximadamente R$ 300 milhões já foram investidos na empresa, R$ 70 milhões somente em agosto deste ano, quando o Educbank captou a primeira debênture integralmente securitizada em mensalidades de educação básica no Brasil.
O Educbank foi eleito em 2021 pela London School of Economics and Political Science (LSE) como uma das companhias mais inovadoras. No ano seguinte, foi apontado como uma das empresas que mais geram impacto social na América Latina, segundo o Innovation Latam e a Fundação Dom Cabral. Nesse mesmo ano, Costa foi apontado pela EY como um dos Empreendedores de 2022. Em 2023, a empresa venceu o SXSW Innovation Awards.
Marcelo Noll Barboza, CEO do Labi
Um dos negócios apoiados pela Positive Ventures, o Labi é um laboratório de exames de análises clínicas que oferece conveniência e preços acessíveis, 54% inferiores à média do mercado. Ex-CEO da rede de laboratórios Dasa, Marcelo Noll Barboza criou o Labi em 2016 para democratizar o acesso da população brasileira a diagnósticos de qualidade. “Nosso objetivo é ajudar a combater o impacto de doenças silenciosas, como diabetes, que não são detectadas por causa de testes de laboratório caros”, afirma.
No Labi, não é preciso ter pedidos médicos para agendar os exames, que podem ser feitos diretamente nas unidades ou em casa. Os laudos são comentados em linguagem acessível para que os pacientes tenham maior autonomia na compreensão dos resultados. Caso haja alguma alteração nos exames, a equipe técnica do laboratório orienta o cliente sobre qual especialista buscar.
A empresa oferece mais de 600 tipos de exames diferentes, já realizou mais de 300 mil análises clínicas e aplicou 90 mil vacinas, atendendo mais de 800 mil clientes nas suas 36 unidades espalhadas por São Paulo e Rio de Janeiro.
Em 2021, a startup firmou uma parceria com a Raia Drogasil, abrindo clínicas ao lado de lojas da rede de farmácias. Além dos exames laboratoriais, testes e vacinas, as unidades oferecem consultas médicas de baixa complexidade por R$69 com apoio de uma equipe médica formada por enfermeiros presenciais e médicos remotos.
Formado em engenharia elétrica e administração de empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Barboza tem MBA pela Harvard Business School e acumula quase duas décadas de experiência em multinacionais da área de saúde. Além de ocupar a presidência da Dasa e ser membro do conselho da empresa por oito anos, foi vice-presidente da GE Healthcare América Latina e presidente da farmacêutica canadense Bausch Health Companies Brasil e Argentina.
Ronaldo Cohin, CEO da Jade Autism
Pai de uma criança com autismo, Ronaldo Cohin criou, em 2017, o aplicativo Jade Autism como conclusão do curso de Ciências da Computação na Universidade de Vila Velha (ES). Sua motivação foi encontrar uma solução para a falta de informações sobre as necessidades específicas de crianças com autismo, que dificulta a tomada de decisões e atrasa o tratamento.