A CloudWalk, fintech brasileira criadora da Brazilian Digital Real (BRLC), stablecoin pareada ao real, colocou em pé este ano a sua rede blockchain própria para poder aumentar a escala do seu negócio e já é capaz de realizar 500 transações por segundo – mais de 70 vezes mais do que antes, quando estava baseada em redes blockchain como ethereum e polygon. “Ainda é um piloto, nos próximos meses temos um caminho para alcançar 5 mil transações por segundo”, diz Luis Silva, CEO e fundador da empresa.
A BRLC é oferecida como cashback para transações feitas na maquininha de pagamentos InfinitePay, da CloudWalk. Atualmente, a moeda digital é usada por 120 mil pessoas que a recebem em uma carteira digital e podem utilizá-la nos estabelecimentos que usam a InfinitePay. Atualmente, o cashback da CloudWalk distribui cerca de R$ 2 milhões por mês.
Para compreender a questão de escalabilidade, é preciso saber que a tecnologia blockchain funciona como um livro de registros descentralizado de todas as operações de um determinado ativo digital. A “anotação” neste livro-razão exige recursos computacionais. Por isso, há uma limitação de transações, um dos grandes gargalos que as finanças descentralizadas (DeFi, na sigla em inglês) precisam resolver para conquistar espaço no mundo financeiro. A CloudWalk já emitiu R$ 35 milhões em sua stablecoin desde o lançamento, em novembro de 2021.
Silva aponta que a BRLC é a stablecoin de real mais utilizada no varejo brasileiro. “O nosso desafio é fazer o dinheiro se mover na velocidade da luz. Para isso, estamos convidando parceiros e desenvolvedores para aumentar a nossa rede”, diz. Ele compara a facilidade que o modelo pretende alcançar com o advento do Pix – que tornou palpável ao brasileiro o conceito de carteira digital.
Outro plano em andamento é o de que a carteira digital da InfinitePay sirva para guardar outros ativos digitais, como o bitcoin. O executivo imagina que a criação do real digital do Banco Central (CBDC, na sigla em inglês) vai ser complementar à existência das stablecoins. “Em termos de estrutura, vai facilitar muito a nossa vida para parear eletronicamente a nossa moeda ao real. O sistema vai ficar muito mais seguro”, diz o CEO.
Para cada BRLC emitida, a CloudWalk mantém R$ 1 em sua tesouraria. O modelo de garantir um colateral para a emissão de moedas digitais com lastro em ativos reais é um dos dilemas do segmento. Neste ano, a criptomoeda TerraUSD, projeto pareado ao dólar, entrou em colapso e perdeu sua equivalência. “No momento, os reguladores estão perguntando às stablecoins como são feitas as medidas de governança. Isso é positivo porque desenvolve o mercado”, argumenta Silva.
Com informações de Estadão Conteúdo: (Aramis Merki II)
Por: Redação Mercado e Consumo