sexta-feira,20 setembro, 2024

Clima em ebulição: quase todos os seres humanos foram expostos a dias mais quentes que o normal entre junho e agosto de 2023

Análise mostra que as emissões de CO2 impulsionaram o calor de junho a agosto para bilhões de pessoas. E os países que mais sentiram foram os que menos contribuíram com a crise do clima

Segundo uma nova pesquisa, quase todos os seres humanos enfrentaram temperaturas mais quentes que o normal entre os meses de junho e agosto. Aproximadamente 98 por cento de toda a população – 7,95 bilhões de pessoas – experimentou temperaturas que se tornaram mais prováveis ​​devido às emissões de gases de efeito estufa, vilões do aquecimento global. Não à toa, o hemisfério Norte registrou seu verão mais quente de toda a história e julho foi o mês mais quente já registrado no planeta.

O relatório foi produzido pela organização sem fins lucrativos Climate Central com a iniciativa World Weather Attribution do Imperial College, em Londres. Os pesquisadores mediram o aumento da exposição utilizando o Índice de Mudanças Climáticas (CSI), que avalia diariamente a influência das mudanças climáticas causadas pelo homem nas temperaturas médias diárias experimentadas no mundo. A avaliação de 1º de junho de 2023 a 31 de agosto abrangeu os 202 países e territórios do mundo.

Praticamente ninguém na Terra escapou da influência do aquecimento global durante os últimos três meses.

— Dr. Andrew Pershing, vice-presidente de ciência da Climate Central.

Em comunicado, o vice-presidente de ciência da Climate Central, Dr. Andrew Pershing, ressaltou que tanto no hemisfério Sul, que viveu seu inverno durante o período em questão, quanto no Norte, marcado pelo verão, registraram temperaturas que “seriam difíceis, e em alguns casos quase impossíveis, sem as mudanças climáticas causadas pelo homem, com calor recorde nesta temporada.” Isso ficou claro desde os grandes incêndios no Canadá, Grécia, Havaí até as temperaturas bem acima do normal em partes do hemisfério sul. No Brasil, por exemplo, as ondas de calor e baixa umidade relativa do ar fizeram com que julho fosse o mais quente da história das medições para aquele período invernoso.

Durante os três meses analisados pela pesquisa, 6,2 bilhões de pessoas experimentaram pelo menos um dia de temperaturas médias elevadas que se tornaram cinco vezes mais prováveis ​​pelas alterações climáticas. Entre junho e agosto, quase 2,4 bilhões de pessoas em 41 países ou territórios foram expostas a mais de 60 dias com temperaturas elevadas.

Quase metade da população mundial – 3,9 bilhões de pessoas – viveu 30 ou mais dias entre junho e agosto com temperaturas tornadas pelo menos três vezes mais prováveis ​​devido às mudanças climáticas. Para 1,5 bilhão de pessoas, no entanto, as temperaturas durante todos os dias do período atingiram esse nível.

Ainda de acordo com a análise, a influência da alta do termômetro foi distribuída de forma desigual, com os residentes das maiores economias do mundo, os países do G20, expostos, em média durante o período, a 17 dias de temperaturas pelo menos três vezes mais prováveis. Entretanto, os residentes dos países menos desenvolvidos foram expostos a 47 dias e os dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento, a 65 dias — apesar de serem responsáveis ​​por menos de 1% das emissões globais de gases de efeito de estufa.

O calor recorde do verão também ocorreu no oceano, aumentando o risco de ciclones tropicais de rápida intensificação, como o furacão Idalia, e eventos de branqueamento de corais, como os que afetaram a Flórida e o Caribe, ressalta a Climate Central. Segundo a organização, as ondas de calor são os perigos climáticos mais mortais, e a sua frequência e intensidade crescentes são consistentes com o conhecimento científico bem estabelecido sobre as consequências das emissões de CO2 – principalmente da queima de carvão, petróleo e gás natural.

Fonte: Um só planeta

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