sábado,23 novembro, 2024

Cineasta fala sobre satisfações e obstáculos no audiovisual  

A cineasta Caroline Araújo conta que desde criança já sentia esse desejo de produzir e de entender como o cinema funcionava. Nascida em Araraquara no interior de São Paulo, a profissional que já possuía família em Cuiabá veio para capital ainda bebê. Ela se formou no curso superior de Rádio e TV na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Nostálgica, a cineasta relembra que fez parte da geração dos anos 80 que passava tardes inteiras consumindo os famosos filmes exibidos na tradicional “Sessão da Tarde”.   

Além de trabalhar com produção audiovisual, também atua como coordenadora no curso de Publicidade e Propaganda da Universidade de Várzea Grande (Univag). De acordo com o MEC, o curso está classificado como o 3° melhor na habilitação de Publicidade e Propaganda do Brasil.  

Caroline diz que as mostras realizadas pelo Cineclube Coxiponés tiveram um papel importante como ferramenta de fomento da cultura e desenvolvimento político-pedagógico.  

“Quando eu estava em período de vestibular existia aquela pressão e predileção dos pais por profissões mais tradicionais. Eu tinha certeza que eu não servia para ser médica, por exemplo. Quando participei de uma feira de profissões da UFMT eu descobri que dentro dos cursos de comunicação existia a habilitação em radialismo. Ali eu decidi o que iria cursar. Eu não consigo separar o cinema da Carol e a Carol do cinema”, relata.   

Caroline Araujo Foto: Bruno Oliveira

Até o ano de 2017 a graduação em Cinema e Audiovisual não estava disponível em Mato Grosso. A implantação do curso era uma reivindicação antiga dos professores da área, mas as vagas só foram ofertadas em 2018. O curso chegou para substituir gradualmente a habilitação em Rádio e TV.   

Com experiência em diversas frentes do audiovisual, como direção, roteiro e produção, Caroline reforça sua paixão por documentários, se definindo também como documentarista. De 2013 a 2019, a cineasta dirigiu cerca de 140 documentários para a TV Assembleia de inúmeros temas diferentes. Um deles foi o Imensurável Marilza sobre a renomada poetisa mato-grossense Marilza Ribeiro.   

“Tempos atrás nós só falávamos que sairia um filme do Bruno, do Neto, do Luiz, do João e hoje já ouvimos falar que terá um filme da Samanta, da Juliana Segóvia, da Glória, da Carol. Existe um machismo estrutural. Não digo que hoje vivemos em pé de igualdade, ainda falta muito para isso, mas nós conseguimos abrir portas e mostrar que as profissionais mulheres não são menores que os profissionais homens. Temos visto alguns nomes femininos surgindo aos poucos, isso é uma satisfação comparado ao que vivíamos antes”, diz.  

Caroline expressa que, para ela, uma das principais dificuldades de se fazer cinema no Brasil é a dependência de recurso público. Ela explica que existe uma necessidade de investimento em políticas públicas mais sólidas voltadas para o meio cultural no país e em Mato Grosso.   

“O acesso a esses recursos em Mato Grosso é muito diferente em comparação com outros estados onde já existe uma cultura pré-estabelecida de investimento em políticas públicas voltadas para cultura. Eu tenho 23 anos de carreira no audiovisual, nesses anos eu sigo militando por esses recursos. Precisamos de políticas públicas perenes em níveis federais, estaduais e municipais. As produções dos últimos seis anos, por exemplo, são somente uma palhinha da enorme potência que o estado tem”, afirma. 

Texto: Victória Oliveira

Victória Oliveira
Victória Oliveirahttp://www.360news.com.br
Victória Oliveira é jornalista e estudante de cinema integrante do time 360 News. Especialista em escrever sobre atualidades, tecnologia, cultura e entretenimento.

1 COMENTÁRIO

  1. Top. Precisamos de mais mulheres seguindo esse caminho. A sensibilidade e a forma que a mulher enxerga o mundo faz toda a diferença.

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