O dispositivo capta os sinais do órgão em tempo real; pesquisadores afirmam que abordagem baseada em IA identifica corretamente as condições cardíacas em mais de 90% das vezes

Cientistas da Universidade de Missouri, dos Estados Unidos, desenvolveram um dispositivo vestível em forma de estrela-do-mar que monitora a saúde do coração em tempo real mesmo quando a pessoa está se movendo.

A criação, segundo os engenheiros Sicheng Chen e Zheng Yan, por ter vários pontos tocando a pele perto do coração, é mais estável que os dispositivos vestíveis tradicionais construídos como uma estrutura única e unificada, como um smartwatch.

“Semelhante a uma estrela-do-mar, nosso dispositivo tem cinco braços, cada um equipado com sensores que capturam simultaneamente a atividade cardíaca elétrica e mecânica”, explicou Chen em comunicado. “A maioria dos dispositivos atuais se concentra em capturar apenas um sinal ou requer dispositivos separados para rastrear vários sinais ao mesmo tempo. Isso nos permite fornecer uma imagem mais completa da saúde cardíaca de alguém.”

A equipe envolvida neste trabalho criou um sistema alimentado por inteligência artificial que aprendeu com uma grande coleção de dados cardíacos, tanto de pessoas saudáveis quanto de pessoas com doenças no coração.

Usando tecnologia inteligente, o sistema filtra interrupções relacionadas ao movimento e analisa os sinais para determinar se o coração do usuário está saudável ou mostrando indícios de problemas. As descobertas são mostradas em um aplicativo para smartphone.

Os cientistas afirmaram, em artigo publicado no periódico Science Advances, que essa abordagem baseada em IA identifica corretamente as condições cardíacas em mais de 90% das vezes.

Além disso, segundo eles, como o dispositivo tem capacidade Bluetooth, os médicos podem revisar os dados remotamente, o que o torna uma opção conveniente para monitoramento em casa entre as visitas médicas.

“Isso também é um benefício em relação aos exames cardíacos clínicos tradicionais, como o ultrassom Doppler, que geralmente exige que os pacientes fiquem parados para obter resultados precisos”, salientou Chen.

Outra característica do dispositivo, que ainda está em fase inicial, é que ele pode ser carregado sem fio enquanto estiver sendo usado, garantindo o uso contínuo. E, no momento, ele adere à pele com o uso de um gel especial, mas versões futuras usarão um material respirável para mais conforto.

“Um grande desafio com dispositivos vestíveis é que eles podem causar irritação na pele quando usados por longos períodos”, completou Yan.

Por Renata Turbiani