Em carta aberta, eles afirmam que, se quisermos criar um futuro habitável, a ação climática deve deixar de ser algo que os outros fazem para ser algo que todos nós fazemos
Mil quatrocentos e quarente e sete cientistas e acadêmicos assinaram uma carta aberta apelando às pessoas para que tomem medidas coletivas para evitar o colapso climático. “Estamos apavorados. Nós precisamos de você. Onde quer que você esteja, torne-se um defensor ou ativista climático”, diz o documento, publicado nesta segunda-feira (4) pela organização Scientist Rebellion.
Os signatários indicaram que a população poderia se juntar a grupos já existentes ou criar um que promova políticas que ajudem a garantir um futuro melhor. “Entre em contato com grupos ativos onde você está, descubra quando eles se reúnem e participe de suas reuniões. Se quisermos criar um futuro habitável, a ação climática deve deixar de ser algo que outros fazem para ser algo que todos nós fazemos”, acrescentaram.
A carta afirma ainda que nenhum país está tomando medidas em linha com o compromisso de limitar o aquecimento a 1,5ºC, e que continuar neste caminho “significará um sofrimento indescritível”.
“Grandes partes do nosso planeta irão se tornar inabitáveis, criando centenas de milhões de refugiados, fomes sem precedentes e graves conflitos políticos”, alertaram os cientistas e acadêmicos, complementando que não temos de nos render a esse futuro. “As soluções estão disponíveis, mas a sua implementação depende de uma mobilização em larga escala da sociedade.”
Dentre os signatários do documento está Wolfgang Cramer, que fez parte da equipa científica internacional que preparou o sexto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), lançado em março.
Em entrevista ao The Guardian, Cramer disse que ele e seus colegas estão ficando frustrados. “Os governos ocidentais, os governos europeus, têm esta tendência de dizer: ‘Oh, já estamos fazendo tanto. E sim, claro, precisamos aplaudir isso, precisamos ficar felizes com cada pequeno passo na direção certa. Mas penso que a falha na comunicação neste momento é falar o suficiente sobre a inadequação, sobre a total desconexão, entre os compromissos que vemos por parte dos governos na COPs, e na implementação dos seus compromissos em casa, por um lado, e metas claras do acordo de Paris, por outro.”
Mais um nome no documento é o de Minal Pathak, professora associada do Centro Global para o Ambiente e Energia da Universidade de Ahmedabad, da Índia, que foi cientista senior na unidade de apoio técnico do grupo de trabalho III do sexto relatório do IPCC.
Ao The Guardian, ela se mostrou com raiva da situação que o mundo está vivendo. “A certa altura, pensaríamos que escrever artigos impactantes em revistas de alta qualidade ou publicar relatórios da ONU é a coisa certa para apresentar provas. Mas aparentemente isso não está funcionando, certo? Ou não está funcionando como deveria. Estou muito, muito decepcionada com a forma como as coisas estão indo. Tenho uma filha adolescente e vejo isso acontecer há mais de uma década. O que é realmente necessário para agir?”, completou.
Texto: Redação, do Um Só Planeta