Câmeras de alta velocidade registram como os beija-flores voam por espaços estreitos demais para suas asas
Pesquisadores descobriram que os beija-flores, nativos da América do Norte, usam duas estratégias diferentes para passar por aberturas menores que a envergadura de suas asas. O estudo esclarece um antigo enigma de como essas aves conseguem passar pela folhagem densa para alcançar flores ricas em néctar ou insetos saborosos, apesar de serem incapazes de dobrar as asas como outras aves.
“Muita gente pensa que os beija-flores são muito rápidos e muito manobráveis. Mas… essas habilidades incríveis estão no espaço aberto onde as vemos. Eles são apenas a ponta do iceberg”, disse Marc Badger, primeiro autor da pesquisa na Universidade da Califórnia, ao Guardian.
Em publicação no Journal of Experimental Biology, a equipe descreve como criou uma configuração envolvendo quatro beija-flores de Anna e duas flores falsas. Cada flor só se enchia de néctar quando a ave visitava a outra flor, fazendo com que os animais voassem de um lado para o outro entre elas.
As flores foram separadas com sete divisórias diferentes de abertura circular ou oval, cuja altura e largura variavam do mesmo tamanho da envergadura das asas dos beija-flores (cerca de 12 cm) até a metade (6 cm). Apresentando cada uma das aberturas para cada beija-flor 10 vezes e registrando que as aves faziam duas viagens entre as flores de cada vez, os pesquisadores conseguiram 140 filmagens das tentativas.
As gravações mostram que os beija-flores adotaram duas posturas para passar pelas aberturas: em um delas, eles bateram as asas contra o corpo e pararam de batê-las para passar rapidamente pela abertura, como uma bala. Na outra, eles fizeram uma abordagem mais lenta em que rodaram o corpo e viraram a cabeça para passar de lado pelo buraco enquanto continuavam a bater as asas, com uma inclinada para a frente e a outra para trás.
Segundo os pesquisadores, ambas as técnicas foram utilizadas na maioria das aberturas, mas para passar pela abertura circular menor as aves quase sempre preferiam voar como uma bala – técnica que os bichinhos tentaram usar com mais frequência durante os testes, independentemente do tamanho e formato da abertura.
Badger acredita que é possível que as aves adotem inicialmente uma estratégia lateral mais cautelosa para reduzir o risco de passar pelo buraco da divisória e correr perigo. Quando ficou claro que a configuração era segura, os beija-flores podem ter mudado para a estratégia de bala para reduzir o risco de quebrar penas. Segundo o autor, a pesquisa revela como esses animais, que podem bater as asas de 40 a 50 vezes por segundo, podem ajustar sua postura à medida que se movem para voar em espaços minúsculos.
Texto: Siga Um só Planeta