Segundo estudo publicado na Cell Reports, uma pequena mudança em nosso DNA foi responsável por deixar a humanidade mais sujeita ao câncer, doença relativamente rara em outros primatas. Para descobrir isso, cientistas do Memorial Sloan Kettering Cancer Center (EUA) compararam centenas de genes entre humanos e outras espécies de primatas.
Os pesquisadores descobriram que o ser humano passou por uma mutação de um gene chamado BRCA2, que está envolvido na regeneração do DNA. Essa mudança reduziu em 20% a capacidade de reparação do DNA, em comparação com outras versões primatas do gene. A teoria é que essa mutação explica as taxas mais altas de câncer.
As informações reforçam teorias de estudos anteriores, em que pessoas com determinadas variantes do gene BRCA2 têm um risco ainda maior de desenvolver câncer de mama ou de ovário. Por enquanto, os autores do estudo ainda não têm uma resposta exata para a causa que levou o gene a evoluir a ponto de se tornar menos ativo em humanos do que em outros primatas.
Uma das possibilidades apresentadas pelos pesquisadores é que a atividade reduzida de BRCA2 tenha sido selecionada em humanos para aumentar a fertilidade. Acontece que estudos anteriores relacionaram uma variante desse gene com uma facilidade maior para engravidar.
De qualquer forma, a ideia dos pesquisadores é que, tendo em mãos o conhecimento dessa mutação no gene BRCA2, futuras pesquisas possam levar a novos tratamentos contra o câncer.
Em abril, uma equipe do Cambridge University Hospitals (Reino Unido) conseguiu mapear o genoma dos tumores de cerca de 12 mil pessoas, o que permitiu a descoberta de novos padrões genéticos do câncer.
Fonte: Cell Reports, New Scientist