Cientistas belgas enfrentam desafio de fazer pão em Marte

Projeto liderado pela Puratos também poderá ajudar a otimizar técnicas de cultivo na Terra

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Graças ao projeto SpaceBakery, liderado pela multinacional Puratos, a chegada do ser humano em Marte pode estar alguns passos mais perto. Contando com um financiamento de € 6,3 milhões (R$ 32,1 milhões), o projeto busca viabilizar a produção de alimentos no planeta vermelho, enquanto também estuda formas sustentáveis de cultivo aqui na Terra.

Esse, afinal, é um dos grandes desafios para o envio de pessoas a Marte: com uma viagem de aproximadamente 7 meses de duração, sem contar o tempo de estadia no planeta, como seria possível transportar nutrientes para durar uma expedição inteira?

O SpaceBakery foi lançado em janeiro de 2020 e tem como objetivo estudar o cultivo de trigo e a produção de pães em solo extraterrestre. Para isso, o projeto conta com quatro contêineres instalados na sede da Puratos em Groot-Bijgaarden, na Bélgica, que permitem criar uma biosfera controlada dentro das condições atmosféricas hostis de Marte.

“O ambiente de Marte é muito diferente do nosso”, comenta Vitor Campos, diretor de marketing da Puratos Brasil. “Falta de oxigênio, altas concentrações de dióxido de carbono, temperatura média diária de -60°C e tempestades de poeira não são exatamente as condições certas para assar pão ou plantar.”

O pão foi uma escolha estratégica do projeto, por ser um alimento altamente nutritivo e ser consumido ao redor de todo o mundo. Porém, além de trigo, também estão sendo realizados testes com couve e manjericão.

Segundo Campos, o objetivo desses testes é gerar dados para um modelo de inteligência artificial que, então, permitirá chegar às condições ideais de cultivo desses alimentos. Ele destaca que os testes ainda estão em andamento, mas que já foi possível observar resultados significativos, como um aumento de até 190% na produtividade do manjericão, por exemplo.

“Ao longo do programa, pretendemos atingir também outros objetivos, como a redução de 95% da água usada para cultivar trigo, tempo de cultivo até sete vezes mais rápido e uso de fertilizantes até dez vezes mais eficientes”, afirma ele, acrescentando que isso poderá ajudar a obter técnicas de cultivo mais sustentáveis na Terra.

A equipe responsável pelo projeto conta com 20 cientistas de sete organizações belgas diferentes. Além da Puratos, também há participação das empresas Urban Crop Solutions, Magic Instruments, SCK-Cen e Flanders Food, bem como das universidades Hasselt e de Gante.

Por: Isabella Velleda

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