Cientistas encontraram fóssil do que pode ser o pássaro moderno mais antigo registrado, com 68 milhões de anos
Usando modelos 3D do crânio da espécie Vegavis iaai, cientistas podem ter descoberto o pássaro moderno mais antigo conhecido no registro fóssil. Ao estudar o animal, eles encontraram evidências de que o espécime do período Cretáceo pertence à família das aves aquáticas, com características semelhantes às dos mergulhões. A descoberta lançou luz sobre as antigas aves da Antártida, que parece estar mais relacionados às aves modernas.
Até então, a história de origem das aves modernas levava a 66 milhões de anos atrás, na época em que o asteroide colidiu com a atual Península de Yucatán. A partir daí, os dinossauros aviários sobreviventes deram origem às águias, galinhas, entre outros.
No entanto, descobertas de fósseis podem mudar a narrativa. Os cientistas descobriram pela primeira vez um espécime fossilizado de V. iaai com pelo menos 68 milhões de anos. Ele estava sem cabeça, na ilha antártica Vega. Ou seja, antes mesmo do asteroide Chicxulub levar os dinossauros à extinção.
Por estar sem a cabeça, não foi possível ter certeza de qual família de pássaros ele descendia da linhagem antiga. Contudo, quase duas décadas depois, outra expedição encontrou uma suposta cabeça de pássaro, cuja análise sugeriu pertencer ao V. iaai. Com isso, os pesquisadores acreditam que a criatura seria um ancestral das aves aquáticas modernas. Nesse caso, ele se tornaria o pássaro moderno mais antigo já registrado.
O que os fósseis revelam sobre a história dos pássaros?
O formato do crânio do V. iaai tem um bico longo e pontudo. Ele também tem um formato de cérebro diferente do de outros pássaros da Era Mesozóica. Além disso, o crânio também revela pistas sobre sua vida e linhagem. Por exemplo, os músculos mandibulares eram provavelmente projetados para superar a resistência da água ao pegar peixes. Ou o tronco, que indica o impulso debaixo d’água em busca das presas.
De acordo com uma declaração do autor sênior do estudo, Patrick O’Connor, a situação no Hemisfério Sul, sobretudo na Antártida, é muito diferente de outros lugares. Isso porque a região tem registros fósseis substanciais de pássaros do Cretáceo Superior, como Madagascar e a Argentina, com espécies “bizarras” extintas distantes dos pássaros modernos.
Durante o período Cretáceo tardio, o que hoje é a Antártida teria sido semelhante a uma floresta tropical temperada, abrigando seres diversos — relativamente longe de Yucatán. Assim, a descoberta dos fósseis no local sugere que o continente pode ter sido um refúgio para as primeiras aves modernas em meio à extinção no fim do Cretáceo.
O estudo está disponível na revista científica Nature.