quinta-feira,19 setembro, 2024

Ciência e educação: integração é essencial para o progresso do país, apontam debatedores

Na 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), o tema “Ciência para a Educação e a Educação para a Ciência” foi explorado por diversos especialistas que destacaram a importância da interligação entre essas áreas como motor para o progresso econômico e social do país. Marcelo Viana, presidente do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), abriu a discussão revelando dados sobre o impacto da matemática na economia, enquanto Roberto Lent, neurocientista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Rodrigo Arantes Reis, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), complementaram com suas visões sobre a contribuição do conhecimento científico para o aprendizado.

Durante sua apresentação, Marcelo Viana ressaltou o enorme potencial que o investimento na matemática pode produzir para o desenvolvimento econômico do Brasil. Ele destacou que “profissões ligadas à matemática são mais produtivas e mais resilientes a crises, como ficou muito claro durante a pandemia.” Viana apresentou dados de pesquisas internacionais que demonstram como a matemática contribui significativamente para o PIB de países desenvolvidos. No Reino Unido, por exemplo, 10% dos empregos e 16% do PIB estão ligados à matemática. Apesar de o Brasil ainda estar atrás desses números, Viana acredita que há um vasto potencial de crescimento, com a matemática representando 4,6% do PIB nacional.

A necessidade de fortalecer a conexão entre ciência e educação foi destacada por Roberto Lent, neurocientista da UFRJ e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Lent mencionou que “em 2014, criamos a Rede Nacional de Ciência para a Educação e, recentemente, em 2022, estabelecemos uma cátedra Unesco, criando uma aliança global para promover essa integração”. Ele enfatizou a importância de conversas transversais entre o Ministério da Educação (MEC) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e destacou a necessidade de editais que incentivem novos projetos e bolsas que fomentem a pesquisa desde a educação básica até a pós-graduação.

Rodrigo Arantes Reis, professor associado do departamento de biologia da UFPR, abordou a importância das políticas de educação e popularização da ciência para um país. Ele explicou que “há diversos motivos, como liderança tecnológica e econômica, atração de jovens cientistas e promoção da cultura científica nacional”. Reis citou o exemplo da China, que investe uma média anual de 2 bilhões de dólares do fundo de ciência e tecnologia na popularização da ciência, demonstrando como uma política estratégica pode fortalecer o desenvolvimento científico e tecnológico.

A questão do descompasso entre o que o mercado de trabalho brasileiro necessita e o que é oferecido em termos de educação foi abordada por Viana. Ele alertou que “o país investe na formação de pessoas que não vão ser utilizadas de fato. Enquanto isso, o mercado de trabalho está buscando massivamente profissões ligadas à matemática, e hoje oferecemos muito pouco em relação à demanda”. Esse desalinhamento, segundo Viana, precisa ser corrigido urgentemente para que a educação acompanhe as necessidades do mercado e contribua efetivamente para o desenvolvimento do país.
Na conclusão, os palestrantes do painel ressaltaram a importância de uma integração mais estreita entre ciência e educação, destacando o papel das políticas públicas e do investimento estratégico para impulsionar o progresso econômico e social do Brasil, tendo a matemática, com seu vasto potencial comprovado, como um dos motores principais desse futuro.

Assista à integra do debate no canal do MCTI no Youtube.

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