Projetos de resiliência climática nas cidades e metas ambientais mais ambiciosas devem marcar 2025

Para descobrir quais seriam as 50 maiores tendências de 2025 e entender seu impacto para empresas, startups e investidores, a reportagem de Época NEGÓCIOS ouviu especialistas no Brasil e no exterior, consultou dezenas de relatórios de tendências e conferiu as principais discussões em eventos recentes de tecnologia. O resultado pode ser conferido em uma série de reportagens que teve início na segunda-feira (10) e continuará a ser publicada nos próximos dias. Confira a seguir as principais tendências na área de combate às mudanças climáticas.

Cidades inteligentes com resiliência climática

Projeto de cidade inteligente Neom, em construção na Arábia Saudita — Foto: Divulgação/Neom
Projeto de cidade inteligente Neom, em construção na Arábia Saudita — Foto: Divulgação/Neom

O impacto de um evento climático na vida das pessoas é proporcional ao preparo que as cidades têm para lidar com a realidade das mudanças do clima. De acordo com o documento Smart Cities Market Report 2025, elaborado pela StartUs Insights, o planejamento urbano verde para cidades inteligentes está entre as áreas que mais terão avanços tecnológicos em 2025.

* Este conteúdo foi publicado originalmente na revista de dezembro/janeiro. As 50 tendências serão divididas em 10 setores e apresentadas ao longo dos próximos dias aqui no site de Época NEGÓCIOS.

Na visão do urbanista Pedro Henrique de Christo, fundador da startup +D//Design with Purpose, a prioridade das organizações deveria ser desenvolver a resiliência das cidades. “Nossas cidades do século 20 não têm condições de lidar com os desafios climáticos do século 21”, diz. Uma maneira de melhorar esse cenário, diz, é a antecipação climática.

A +D desenvolveu uma tecnologia em 3D que torna possível criar um gêmeo digital de determinada região, para depois simular eventos extremos e avaliar seu impacto. “Dessa maneira, fica mais fácil elaborar estratégias para minimizar os danos”, diz. Em 2025, a startup planeja fazer o modelo em 3D de Belém, capital do Pará, onde será realizada a COP30. Pelo mundo, há iniciativas como a da startup norueguesa Airmine, que utiliza dados de sensores para prever a qualidade do ar e as condições do clima rua a rua.

Uma alternativa viável para a aviação

 — Foto: Divulgação
— Foto: Divulgação


Em 2025, as viagens internacionais chegarão ao recorde de 1,6 bilhões, gerando de 5% a 8% de todo o gás estufa, segundo a The Economist. Mudar esse cenário é o objetivo da Twelve, startup que usa catalisadores de metal e eletricidade para converter CO₂ e água em hidrocarbonetos – que depois são empregados em um combustível próprio para a aviação. Recentemente, a empresa do Texas, comandada por Etosha Cave, anunciou um aporte de US$ 645 milhões na sua tecnologia.

Com os recursos, será possível concluir a AirPlant One, fábrica inaugural localizada na cidade de Moses Lake, em Washington, que deve começar em 2025 a produção do combustível E-Jet. Entre os clientes que já fizeram suas encomendas estão a Alaska Airlines, a Microsoft e a Shopify. “O que muitas companhias aéreas e grandes empresas da Fortune 500 estão percebendo é que o setor de aviação é muito difícil de descarbonizar”, disse Etosha na feira de tecnologia CES, em janeiro de 2024.

“Soluções como aviões movidos a bateria e hidrogênio levarão anos para ganhar escala, e a nossa solução é imediata”, afirmou. Já no Web Summit, em Lisboa, a CEO afirmou que os aviões alimentados com seu combustível vão gerar até 90% menos emissões do que as produzidas pelos combustíveis fósseis.

Uma alternativa viável para a aviação

Transporte com energia limpa

 — Foto: Divulgação

Em outubro de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei 14.993/24, conhecida como a “lei do combustível do futuro”. Pensada como um programa de descarbonização do setor de mobilidade, a nova regulamentação irá destravar investimentos que podem chegar a R$ 260 bilhões, segundo o governo. A estimativa é que a produção massiva dos novos combustíveis evite a emissão de 705 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera até 2037.

A nova lei abriu o caminho para três tipos de combustível: o diesel verde, produzido a partir de matérias-primas renováveis e que será utilizado por veículos pesados; o biometano, uma alternativa ao gás natural, usado em transporte de passageiros e também em veículos de carga; e eventuais combustíveis sustentáveis para a aviação (SAF, na sigla em inglês) obtidos a partir de fontes renováveis.

Raízen, Inpasa, Grupo Potencial e Grupo FS são alguns dos nomes que já anunciaram investimentos na casa de bilhões, com metas a partir de 2025, para o biodiesel, e de 2027, para o SAF e o etanol de segunda geração. De acordo com o líder de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), Felipe Barcellos e Silva, “a tendência é que o debate sobre esses combustíveis aumente e que novas tecnologias sejam desenvolvidas para que eles sejam produzidos em grande escala”.

Decisões baseadas na natureza — Foto: Getty Images

A Taskforce on Nature-related Financial Disclosures (TNFD, na sigla em inglês), iniciativa formada por líderes de grandes empresas, desenvolveu um conjunto de recomendações e orientações para que as empresas incluam em seus relatórios financeiros os impactos, os riscos e as oportunidades relacionados à natureza.
Dessa maneira, acredita que as questões ambientais terão uma influência direta na tomada de decisões, e que os fluxos financeiros globais poderão ajudar a trazer impactos positivos para o planeta. Mas, para que isso aconteça, é preciso que os líderes consigam acessar as informações sobre o ambiente em que sua empresa está inserida, entender os impactos da companhia sobre a natureza, e os impactos da natureza sobre o negócio.

Por Jennifer Thomas