sexta-feira,22 novembro, 2024

Cidades Inteligentes: como integrar sustentabilidade e arquitetura?

Estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que 55% da população mundial vive em zonas urbanas e a expectativa é que esse número só cresça, chegando a 68% até 2050. Junto com o crescimento populacional, outras questões preocupam os especialistas, que buscam encontrar nas Cidades Inteligentes uma solução que alie tecnologia e sustentabilidade para promover a qualidade de vida.

Para entender melhor sobre o assunto e o papel dos profissionais de arquitetura para a construção desse futuro, conversamos com a arquiteta, mestre em Planejamento Urbano e Regional, e professora do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG), Lizia De Zorzi Carraro.

Quais são os princípios das Cidades Inteligentes?

Cidades Inteligentes podem ser inteiramente planejadas, ou seja, criadas do zero, dentro dos padrões definidos pelo conceito, para oferecer qualidade de vida aos seus futuros moradores. Porém, a principal tendência é que o conceito seja incorporado a cidades já existentes, apenas melhorando seus aspectos para atingir o objetivo.

O principal pilar das Cidades Inteligentes é usar a tecnologia a seu favor, aplicando-a como ferramenta para criação de projetos de desenvolvimento social e populacional. Assim como na busca pelo progresso econômico, sustentável e social da cidade.

Tudo é pensado e construído para que os habitantes tenham acesso a uma cidade de qualidade, assim como para reduzir as desigualdades sociais. Por isso, uma das principais ações para criação destes dispositivos é ouvir a comunidade, afinal ninguém melhor para falar sobre as necessidades da população do que os próprios habitantes.

O papel das Cidades Inteligentes para o futuro

De acordo com a Carta Brasileira para Cidades Inteligentes as ações desenvolvidas devem acontecer a nível de mobilidade, habitação, fontes de energia, saúde, educação e administração, que devem ser garantidas por diversos setores, utilizando a transformação digital de forma responsável para um desenvolvimento urbano sustentável e inclusivo. Nesse sentido, outros aspectos também devem ser observados para garantir a própria manutenção do planeta.

Construções verdes, por exemplo, são outra das possibilidades para Cidades Inteligentes melhorarem as condições de seus ambientes urbanos. Com elas, é possível reduzir o consumo de energia, regular a qualidade do ar e das temperaturas, restabelecer as reservas de água do município, diminuir os índices de poluição ambiental e sonora, além de deixar a cidade mais bonita, claro.

Para Lizia De Zorzi Carraro, especialista em Planejamento Urbano e Regional, e professora de arquitetura da FSG, Cidades Inteligentes são fundamentais para a preservação ambiental.

– O crescimento das cidades sem o planejamento dessas estratégias inteligentes gera cidades não sustentáveis, ruins de se viver, com ilhas de calor, com elevada pegada ecológica e contribuindo para o agravamento do aquecimento global – afirma.

Cidades Inteligentes na prática

Questionada sobre alguns exemplos de cidades que já desenvolvem ações inteligentes, Lizia mencionou cidades como Londres (Inglaterra) e Curitiba (PR), que incentivam a utilização do transporte público para uma maior qualidade de mobilidade, assim como diminuição das taxas de poluição.

– O transporte público de Londres conta com mais de 400 km de metrô, além de estar integrado aos trens, ônibus, táxis e bicicletas, com restrição de circulação de carros e cobrança de taxas para veículos poluentes – explica.

Curitiba, por sua vez, foi considerada como pioneira na adoção e desenvolvimento de projetos voltados à sustentabilidade, tecnologia e empreendedorismo de acordo com o Ranking Connected Smart Cities 2022.

– Dentre as ações destaca-se, por exemplo, o fato de o município ter sido o primeiro do mundo a testar uma luminária inteligente com antenas 5G integrada e as iniciativas para disseminação de energias renováveis – ressalta.

O papel do Arquiteto e Urbanista

Se engana quem pensa que arquitetos são responsáveis apenas por projetos residenciais. Em seu próprio nome, a profissão carrega também a parte urbanista, ou seja, do planejamento de cidades que atendam às necessidades da população.

– O arquiteto e urbanista é o profissional capacitado para identificar problemas, potencialidades e especificidades das cidades; pensar em estratégias para melhorar a infraestrutura das cidades existentes e, também, planejar novas cidades mais inteligentes; pensar em tecnologias para tornar mais eficiente e sustentável a gestão de recursos energéticos e de resíduos; e, ainda, pensar em como as estratégias podem melhorar a economia local e a qualidade de vidas das pessoas – afirma Lizia.

Aprenda a construir Cidades Inteligentes com a FSG

Acompanhando as tendências, a Faculdade da Serra Gaúcha conta com uma grade curricular voltada para o debate sobre as cidades inteligentes, garantindo que seus estudantes estejam sempre atualizados. São disciplinas de paisagismo, meio ambiente e urbanismo que preparam os profissionais para o que encontrarão no mercado.

– O aluno conta com disciplinas que abordam o assunto constantemente, a gente vem trazendo isso também através de outras atividades como semanas acadêmicas, por exemplo, nas quais os estudantes podem ter um contato direto com profissionais experientes – ressalta Daniela Chiarello Fastofski, coordenadora do curso de Arquitetura da FSG.

Fonte: GZH

Redação
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