O último dia de programação no RS Innovation Stage, palco do governo no South Summit Brazil, abriu com programação focada em smart cities – ou cidades inteligentes, em português. A temática foi abordada com Rafael Bechelin, CEO da iCenter Smart City, e Billy Garcia, CEO da Frente IA, com mediação de Leonel Tedesco, professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). A Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (Sict) tem programas e projetos que trabalham com o tema, com aportes que somam R$ 2,36 milhões na área.
Para além do uso de tecnologia, o conceito de smart cities perpassa uma relação mais humana e sistêmica, com o objetivo de proporcionar mais qualidade de vida aos moradores. “Nem sempre uma cidade inteligente precisa usar tecnologia. Posso inovar por meio do empreendedorismo social. Gosto de fazer esse exercício com as pessoas: ‘fecha os olhos e imagina a cidade perfeita’”, exemplificou Bechelin, dizendo que o resultado da imaginação geralmente é uma cidade inteligente.
Ele trouxe o exemplo de Barcelona, que inovou e hoje é referência pela forma como faz gestão de resíduos e consome energia. Nessa perspectiva, a Inteligência Artificial (IA) é uma forma de alterar o modo como as pessoas se relacionam com as cidades.
Garcia, que é especialista em chatbots e tem experiência em inteligência artificial, disse que um dos maiores desafios na construção de cidades inteligentes é fazer com que as pessoas compreendam as perspectivas de quem mora em outros bairros. Esta realidade os motivou a criar um projeto para instigar os arquitetos para que, dentro dos espaços fechados, houvesse uma conexão com a cidade e não se fizessem separações entre bairros. “Estamos construindo o que parecia impossível, utilizando inteligência artificial para criar esses espaços”, afirma.
A democratização da tecnologia também passa pela educação tecnológica, que ainda é muito elitista no Brasil, segundo Garcia. “Eu moro na praia e, não raro, estou no estúdio trabalhando em algo muito tecnológico. Às vezes, tem alguém a 100 metros de mim domando um cavalo. Então, vivemos em vários tempos. Carecemos de cultura da tecnologia e de disseminação dela”, definiu.
Encerrando o painel, Tedesco disse que é preciso “colocar a educação no centro da questão e aprender a utilizar a inteligência artificial de forma ética”, fazendo referência ao manifesto de centenas de especialistas mundiais que pediram a suspensão de testes em inteligências artificiais por seis meses, alegando “grandes riscos à humanidade”.
Apoio a cidades inteligentes na Sict
A Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do estado incentiva projetos relacionados a smart cities. O programa TEC4B é especializado na criação de laboratórios vivos, ou living labs, que produzem tecnologias disruptivas e coleta de dados disponibilizados à população, sendo um dos meios de criação de cidades inteligentes. O mediador do painel, Leonel Tedesco, coordena o living lab da Unisc, que recebeu aporte de R$ 988 mil. Outro living lab é implantado na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande o do Sul (Unijuí), que recebeu aporte de R$ 1 milhão do TEC4B. Já o programa Inova RS aprovou o projeto “Sistema de coleta de dados por dispositivos IoT (sensoriamento) para cidades inteligentes”, executado na Universidade de Caxias do Sul (UCS) com investimento de R$ 380 mil.
Fonte: Inova RS