Divulgado na quinta-feira (2), um relatório da organização de pesquisa australiana Instituto Australiano de Política Estratégica (ASPI) trouxe uma uma comparação entre os Estados Unidos e a China nas áreas de tecnologia e inovação, e concluiu que Pequim tem uma “liderança surpreendente” sobre Washington em 37 de 44 tecnologias críticas e emergentes.
Entre as inovações técnicas analisadas pelo think-tank de Canberra estão algumas consideradas essenciais em setores vitais de um país, como defesa, espaço, energia e biotecnologia. Falando em termos práticos, isso inclui pesquisa de motores de aeronaves avançadas, drones e baterias elétricas.
De acordo com o seu “Monitor de Tecnologias Críticas”, o ASPI apurou que, para determinadas tecnologias, as 10 instituições de pesquisa mais importantes do mundo estão sediadas na China. Isso significa a geração coletiva de nove vezes mais trabalhos de pesquisa de alto impacto do que o segundo colocado na “corrida tecnológica” que, na maioria das vezes, são os EUA.
Há algum problema na liderança tecnológica chinesa?
Quando diz que “as democracias ocidentais estão perdendo a competição tecnológica global”, o ASPI reconhece a corrida por descobertas científicas e de pesquisa, além da capacidade de reter talentos globais.
Isso significa um “design deliberado e um planejamento político de longo prazo”, sob o comando do presidente Xi Jinping, para controlar as tecnologias mais importantes do planeta, inclusive as que ainda não existem.
Segundo o relatório, uma das áreas-chave nas quais a China se destaca é a defesa e novas tecnologias relacionadas ao espaço. Produto dessa tecnologia estratégica, o míssil hipersônico chinês DF-17B surpreendeu o próprio Departamento de Defesa norte-americano ao atingir a velocidade Mach 10, ou seja, dez vezes a velocidade do som, em um teste feito em julho de 2021.
O que pode ser feito?
Para diminuir a atual hegemonia chinesa, o ASPI recomenda que os governos planejem:
- Vistos de tecnologia e subsídios de P&D entre aliados;
- Uma revitalização do setor universitário por meio de bolsas especializadas;
- Desviar, via impostos, o capital privado para o capital de risco;
- Novas parcerias público-privadas e centros de excelência.
Os dados do instituto australiano indicam uma “lacuna em nossa compreensão do ecossistema crítico de tecnologia”: de um lado, China e EUA, e de outro, o resto do mundo. Para os pesquisadores, é fundamental preencher essa lacuna, para não se chegar a uma situação em que apenas “um ou dois países dominem indústrias novas e emergentes”, como ocorreu com o 5G.