Cientistas chineses conseguiram reabastecer reator de sal fundido enquanto ele estava em funcionamento
A China fez um avanço significativo na corrida por energia limpa ilimitada. Cientistas do país conseguiram recarregar combustível em um reator de fissão nuclear, localizado no deserto de Gobi, enquanto ele estava em funcionamento, indicando que a operação e reabastecimento podem ser feitos continuamente.
A máquina em questão é um reator de sal fundido de tório (MSR), construído em 2018 com base em pesquisas iniciadas pelos Estados Unidos nas décadas de 1960 e 1970 e que posteriormente foram arquivadas, mas ficaram disponíveis para consulta pública. Os MSRs são um tipo de tecnologia nuclear avançada que usa tório, um elemento radioativo abundante na crosta terrestre, como fonte de combustível.
Segundo o South China Morning Post (SCMP), citando o jornal do partido comunista chinês Guangming Daily, essa é a primeira operação estável de longo prazo da tecnologia.
Xu Hongjie, cientista-chefe do projeto, disse que a China “agora lidera a fronteira global” na revolução energética. “Os EUA deixaram sua pesquisa disponível publicamente, esperando pelo sucessor certo. Nós fomos esse sucessor”, afirmou.
Sua equipe no Instituto de Física Aplicada da Academia Chinesa de Ciências (CAS) passou anos dissecando documentos americanos desclassificados e replicando experimentos. “Dominamos todas as técnicas da literatura – e depois fomos além”, ele enfatizou. “Aprendemos fazendo, e fizemos aprendendo.”
Os desafios eram imensos – projetar novos materiais, solucionar problemas em temperaturas extremas e lidar com componentes de engenharia nunca antes construídos.
Como destaca a publicação, alguns especialistas veem o reator de sal fundido de tório como a próxima revolução energética e afirmam que apenas uma mina rica em tório na Mongólia Interior poderia – teoricamente – suprir as necessidades energéticas da China por dezenas de milhares de anos, produzindo um mínimo de resíduos radioativos.
O MSR chinês fica na cidade de Wuwei, na província de Gansu, e pode gerar dois megawatts (2 MW) de energia – o suficiente para abastecer 2.000 residências. Ele é o único reator de tório operacional do mundo e, em junho de 2024, atingiu operação em potência máxima.
Um reator muito maior que este já está sendo construído na China e deverá atingir a criticidade até 2030. Ele foi projetado para produzir 10 megawatts de eletricidade.
Por: Renata Turbiani