Executivos de empresas como Suzano, Ambev, Stefanini e B3 conversaram com a reportagem de Época NEGÓCIOS durante a premiação do anuário 360º
“Esta é a melhor época para se estar vivo”, disse Peter Diamandis, cofundador da Singularity University, abrindo o painel sobre Inovação e Organizações Exponenciais realizado durante a premiação do Época NEGÓCIOS 360º, na noite de ontem (25/09) em São Paulo. “Hoje, empreendedores têm mais acesso à inteligência artificial do que nunca. Esse é o momento certo para ir em frente e criar o mundo que você deseja.”
Foi o início das discussões sobre IA no evento que premiou a Empresa do Ano, as melhores companhias em 24 setores e nos 6 principais desafios de gestão das organizações: inovação, visão de futuro, ESG/socioambiental, ESG/governança, pessoas e desempenho financeiro. Durante cerca de 40 minutos, Diamandis e Salim Ismail, também fundador da Singularity, explicaram para os CEOs e executivos presentes por que não é possível adiar a adoção da inteligência artificial.
“Em vez de tentar negar o futuro, o empresário deveria estar contratando agora o seu IA Chief Officer, para ajudá-lo a entender as melhores aplicações da tecnologia para o negócio”, disse Ismail. Para Diamandis, quem não fizer isso estará fadado ao fracasso. “No futuro, quem não estiver usando o potencial máximo da tecnologia perderá totalmente a competitividade.”
Urgência
Entre os CEOs e executivos presentes à cerimônia de premiação do anuário 360º, as opiniões sobre a urgência de incorporar a tecnologia se dividiram. Alguns, como os especialistas da Singularity, acreditam que a IA é o futuro – tanto que já incorporaram diversas soluções em seus negócios. É o caso da Suzano, que levou o prêmio de Empresa do Ano.
“Hoje, um dos principais usos da inteligência artificial na Suzano está no monitoramento das florestas de eucaliptos”, disse Aires Galhardo, diretor executivo de Celulose Industrial, Engenharia e Energia, em entrevista a Época NEGÓCIOS. “Com a ajuda de satélites e da IA, podemos contar com uma geração quase infinita de informações instantâneas, o que nos possibilita gastar mais tempo com as análises de dados.”
No passado, para fazer um inventário das plantações, a Suzano mandava a campo dezenas de funcionários, que mediam cada árvore para calcular quanto renderia de madeira. “Agora, a partir de fotos de satélites, a IA faz uma estimativa bastante precisa do volume de produção. E, em vez de medir uma vez por ano, podemos fazer o monitoramento todas as semanas.”
Quem também está investindo na tecnologia é a CBMM (Companhia Brasileira de Mineração e Metalurgia). “Nós já usamos a IA em nosso site industrial em Araxá, para nos ajudar a conseguir ter uma maior recuperação de material dentro dos processos de extração e extradição. Dessa maneira, obtemos um melhor controle de custos e ganhamos em competitividade”, disse Ricardo Fonseca de Mendonça Lima, CEO da empresa.
A tecnologia é um dos pilares da atuação da B3, segundo Alexandre Moysés, diretor de Governança da companhia. “Dentro desse pilar, um dos focos é a educação financeira. Tanto que estamos desenvolvendo, em parceria com a Microsoft, uma ferramenta de IA generativa para ajudar o investidor, explicando questões financeiras com uma linguagem simples. Isso deve ficar pronto até agosto. Ainda neste ano, vamos ter mais novidades importantes nessa área. Mas não posso te dar spoilers por enquanto.”
Pioneiros
Trabalhando há mais de 12 anos com inteligência artificial, a Stefanini é uma das pioneiras no uso da tecnologia no país. “Temos empresas dentro do grupo, aquisições que fizemos ao longo desse período, que trazem a IA como parte do portfólio”, diz Marcelo Ciasca, CEO da Stefanini.
“Nós sempre tivemos uma plataforma de chatbot cognitivo, a Sophie, que era usada em serviços internos do grupo. Hoje, usamos a IA generativa em várias frentes: soluções internas para a parte conversacional, soluções na área de service desk ou digital workplace para clientes, entre outras. Inteligência artificial hoje é a base de tudo.”
Texto: Marisa Adán Gil