O adobe de taipa, material sustentável, reveste o imóvel de 765 m² em condomínio de Itupeva, São Paulo, que também conta com janelas e soluções para obter abundância de luz natural
A paixão do cliente pelo surfe e pelo mar orientou os arquitetos Brunno Meireles e André Pavan, do escritório Meireles + Pavan (@m.p.arquitetura), na criação do projeto da casa de 765 m² no terreno de 3 mil m² no condomínio Fazenda da Grama, em Itupeva, interior de São Paulo.
“Colocamos referências de lugares de que ele gosta, como o arquipélago de Fernando de Noronha”, conta Brunno.
Para proteger a porta de entrada e as fachadas dos fundos e laterais no térreo, eles desenharam paredes com formas orgânicas que remetem aos famosos Morros Dois Irmãos, vistos da ilha. Para construí-las, escolheram o adobe de taipa feito com terra retirada do local.
“A opção pela taipa não foi apenas estética, mas também estratégica. Esse método de construção sustentável minimiza o impacto ambiental e mantém a casa integrada ao seu entorno”, afirma André. “As formas orgânicas das paredes de taipa ajudam na circulação e protegem as fachadas no térreo”, diz Brunno.
O tom terroso da taipa guiou a escolha dos outros acabamentos para uniformizar os espaços da residência, o refúgio de final de semana da família, um casal com três filhos pequenos.
Baseados na tradição e na simplicidade da vida na fazenda, os arquitetos projetaram ambientes amplos e contemporâneos com grandes janelas, que permitem a iluminação natural abundante.
O living, que fica no eixo central da casa, ganhou uma claraboia imensa, que proporciona atmosfera dinâmica e acolhedora. “Desenhamos com forma de funil e abertura menor no alto, que atravessa o andar de cima, para os raios do sol percorrerem a sala, revelando o passar das horas”, conta André.
Outras claraboias com ventilação constante estão no corredor para as cinco suítes no pavimento superior. A luz natural também penetra por tijolos de vidro redondos na parede da fachada dos fundos, que precisou ser fechada para o movimento na área íntima não ser visto pelos vizinhos. “Os tijolos de vidro têm simbolismo: lembram as bolhas de ar que se formam na água durante o mergulho”, diz.
Como o morador não queria tudo com formas orgânicas, os arquitetos fizeram o volume superior com linhas retas.
A estrutura de concreto protendido permitiu criar o grande vão no living, lembrando uma ampla varanda, sem pilares de sustentação na fachada e com painéis de vidro, que se abrem à área de lazer.
“A sensação é que o volume de cima, com beiradas em balanço, está apoiado nas paredes de taipa”, diz André. “A ideia foi mostrar a leveza da casa”, complementa.
As demais paredes são de alvenaria com pintura à base de minerais. “Os revestimentos seguem os tons terrosos em alta. O proprietário os quis pela vivência com materiais naturais e aconchegantes”, conta Brunno. “Procuramos simplificar nos materiais para investir em uma decoração mais criativa”, acrescenta André.
A integração do living e da área externa é reforçada pelo uso do mesmo piso de placa cimentícia, que remete ao tijolo e é antiderrapante e de baixa manutenção. “As lajotas de concreto são resistentes e cobrem as áreas externas e internas para dar continuidade”, fala André.
“A casa é funcional, prática e rústica, com imperfeições que fazem parte da criação. As paredes de taipa formam o desenho de um pulmão, com jardim interno nas curvas visto pelas janelas da sala”, diz Brunno.
Para a TV ser assistida de todos os cantos, inclusive da piscina, os arquitetos desenharam o sofá negativo, que ocupa área mais baixa no piso. “Quisemos fazer algo diferente com novas ideias que dão mais sensações”, conclui.
Fonte: Casa e Jardim