Setor deve ultrapassar R$ 1 bilhão em 2025; Humora aposta em crescimento com inovação e presença internacional

No dia 20 de abril, data reconhecida como marco global da cannabis, o debate sobre o uso medicinal da planta ganhou novo impulso no Brasil. Dados do anuário de 2024 da Kaya Mind apontam que aproximadamente 672 mil pessoas utilizam derivados da cannabis com finalidade terapêutica. O segmento, que movimentou R$ 853 milhões no ano passado, projeta alcançar mais de R$ 1 bilhão em 2025.

Segundo Ana Júlia Kissfundadora da Humora, startup que integra formulações com cannabis e fitoterápicos, o cenário nacional mostra evolução. “Estamos vivendo uma virada de chave. A cannabis medicinal tem se mostrado não só alternativa terapêutica, mas uma das maiores oportunidades da década”, afirma.

Criada com foco em bem-estar, a Humora ganhou destaque após o lançamento da linha Humora Boreal. O produto, em formato de goma e com presença de THC (tetrahidrocanabinol), é utilizado com acompanhamento médico para questões como ansiedade, dor, sociabilidade e foco. A aceitação do mercado resultou em crescimento de 650% na receita da empresa em 2024.

Para este ano, a startup projeta ultrapassar R$ 3 milhões em faturamento. O desempenho é impulsionado pela recente aquisição do Nu Bloom Botanicals, laboratório com sede na Califórnia especializado em formulações naturais. A operação amplia a atuação da marca tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

“Agora conseguimos atender tanto o mercado brasileiro quanto o americano, com uma estrutura sólida e equipe especializada nos dois territórios. Isso abre portas para expandir a atuação B2C, mas também para oferecer nossa tecnologia a outras marcas via private label”, explica Ana Júlia.

A movimentação da Humora segue uma tendência mais ampla de institucionalização do setor. Mais de 20 marcas já possuem produtos com cannabis homologados para venda em farmácias no Brasil. Além disso, a regulamentação tem avançado, com facilitação da importação e inclusão de medicamentos à base da planta no Sistema Único de Saúde.

A adesão crescente ao tratamento com compostos derivados da cannabis acompanha uma busca maior por abordagens complementares e integrativas. A possibilidade de alinhar ciência, tecnologia e fitoterapia vem atraindo pacientes, médicos e investidores. A presença em eventos e a divulgação científica têm contribuído para a aceitação do tema.

“Esse crescimento reflete a busca crescente por tratamentos alternativos, tanto para o bem-estar quanto para doenças crônicas. Os consumidores valorizam soluções que podem ser facilmente integradas à rotina e que sejam o mais natural possível, sempre com prescrição e acompanhamento dos médicos”, finaliza a CEO.

A consolidação do mercado medicinal no Brasil ainda enfrenta desafios regulatórios, mas o avanço recente indica uma trajetória favorável para novas iniciativas. O interesse de startups, investidores e profissionais da saúde sinaliza um ambiente mais aberto à inovação. Com o apoio de dados, evidências clínicas e estratégias de mercado, o setor segue em expansão, com destaque para modelos que integram produto e serviço.

O avanço da cannabis medicinal como alternativa terapêutica, somado à expansão de marcas nacionais e à consolidação de um ecossistema regulado, transforma o Brasil em um dos mercados estratégicos da próxima década. Com o crescimento da demanda e a evolução da legislação, empresas como a Humora buscam ocupar posições relevantes em um segmento cada vez mais estruturado e competitivo.

Por Tiago Souza