A humanidade adora sentir nostalgia. É assim com a música, é assim com a moda e é assim com a tecnologia. Da ressurreição dos discos de vinil ao retorno glorioso das fotos analógicas, a última moda agora é tirar a poeira da antiga câmera digital do tipo Cyber-Shot, recarregar (se a bateria ainda estiver funcionando) e usá-la para tirar fotos.
Da Geração Z aos Millenials
As câmeras digitais têm se tornado bastante populares entre os jovens da Geração Z (Gen Z). Nascidos durante o início dos anos 2000, muitos podem ter passado despercebidos pelo boom das câmeras digitais por terem tido acesso aos smartphones logo no início da pré-adolescência.
Ou o oposto: pelo preço elevado dos smartphones, muitos ainda precisaram manter suas câmeras digitais por um tempo maior como principal alternativa aos celulares.
E os Millenials não ficam de fora. Por terem vivido a adolescência e juventude no auge da popularidade das câmeras digitais, muitos buscam reviver a experiência vintage com essa revitalização dos dispositivos nos dias atuais como forma de se conectar pela forte nostalgia.
A perfeita imperfeição
Os smartphones atuais buscam entregar o melhor possível em fotografia e captura de vídeo, com avançados sistemas de inteligência artificial para otimizar a imagem, múltiplas câmeras para maior versatilidade de zoom e altíssima velocidade para evitar fotos borradas e tremidas.
E nada disso está presente nas câmeras digitais, onde jovens e adultos buscam exatamente pelas imperfeições causadas pelas lentes simples e sensores antigos.
As fotos estouradas pelo flash, muito claras ou escuras pela falta de HDR, ou ainda borradas pelo foco lento ou tremidas pela baixa velocidade do obturador tornam a experiência singular graças ao resultado mais cru e real.
Vídeos também fazem comeback
Não apenas de fotos vivem os saudosistas dos anos 2000. Além de reproduzir a estética de duas décadas atrás pelas fotos, muitos também têm adquirido câmeras e filmadoras digitais para criar registros de vídeo (videologs).
O objetivo segue idêntico: utilizar os sensores de baixa resolução para publicar o dia a dia pelas redes sociais, ou ainda dedicar os registros apenas para momentos especiais como aniversários, festas e viagens.
Em entrevista ao The New York Times, o fotógrafo Mark Hunter (popular Cobrasnake) afirma que “as pessoas estão percebendo que é divertido ter algo que não esteja atrelado ao celular”, e que ao ver fotos e vídeos capturados pela câmera dedicada torna suas memórias mais fortes.
A tendência vai passar?
Fotos com brilho estourado, repleto de alto ruído e com baixa qualidade e resolução de imagem. É isso que atrai os adolescentes e jovens adultos à moda das câmeras digitais, mas podemos prever que a tendência não dure por muito tempo.
Conforme muitas pessoas comecem a utilizar câmeras digitais, é possível que outra solução ou “novidade antiga” seja ressuscitada mais uma vez, tirando o brilho do momento de tais dispositivos.
De qualquer forma, se você aprecia o que tornam as câmeras digitais únicas, tire a sua da gaveta, compre uma nova bateria e comece a tirar fotos como se estivéssemos há 20 anos atrás. Mesmo se a moda for passageira, a experiência vale a pena.
Fonte: The New York Times, BBC News
Por: Victor Carvalho