Mulheres de Poço Fundo, em Minas Gerais, lutaram por voto, chegaram à presidência e criaram cafés sustentáveis e orgânicos.
Abrir conta no banco, tomar decisões, alcançar a presidência de uma cooperativa. Essas são só algumas das conquistas de agricultoras de Poço Fundo, em Minas Gerais.
Tudo começou nos anos 90, quando o marido da agricultora Maria José Borges ajudou a fundar uma associação de pequenos produtores. Juntos, eles negociavam preços melhores para vender o grão. O grupo cresceu e ganhou o nome de Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e região, a Coopfam.
O grupo contou com a participação do marido de Maria José até 2008, quando ele teve um infarto e não resistiu. Poucos meses depois, a agricultora compareceu a uma assembleia da cooperativa.
Apesar de homens e mulheres trabalharem juntos na lavoura, só eles tinham direito ao voto, pis nenhuma agricultora era cooperada, só os maridos. “Se eu tivesse cruzado os braços e falado vou ‘largar do café’, ia continuar na mesma, mas como eu tive aquela coragem, abriram exceção para eu votar”, conta a agricultora.
Esse ato mudou toda a história da cooperativa. Depois de votar, a dona Maria José também foi a primeira a se filiar à Coopfam e, pelas portas abertas por ela, muitas passaram depois.
Ao longo dos anos, as agricultoras chegaram a criar um movimento dentro da cooperativa, chamado “Mulheres Organizadas em Busca de Independência”, o Mobi, que conta com cerca de 30 agricultoras que se encontram todos os meses para discutir melhorias para o negócio.
‘Café feminino’
Juntas, as agricultoras também criaram uma marca de cafés especiais, o Café Feminino.
O produto tem duas versões. Um deles é o sustentável, que segue cuidados específicos com o meio ambiente, como a proibição de alguns produtos químicos.
O outro é o orgânico, que não leva nenhum agrotóxico nem adubo sintético.
Texto: Globo Rural