Brasil avança no setor de deep techs, impulsionando inovação e investimentos, mas enfrenta desafios para transformar pesquisa em impacto econômico
Estamos acompanhando investidores, empresas e governos cada vez mais confiantes no potencial transformador das deep techs, tecnologias que impactam setores estratégicos como energia, saúde e agricultura. O setor tem se mostrado uma potência global, com projeções de investimentos que se aproximam de 1 trilhão de reais até 2025, segundo o Boston Consulting Group (BCG). As deep techs têm chamado a atenção não apenas por transformarem a indústria, mas também por impulsionarem soluções sustentáveis que geram impacto positivo na sociedade.
A América Latina é uma região promissora para as deep techs e tem apresentado um crescimento expressivo desse ecossistema. Nesse contexto, o Brasil apresenta um número crescente de deep techs, chegando próximo a 900 startups em 2024, segundo levantamento realizado pela empresa de consultoria EBrasil avança no setor de deep techs, impulsionando inovação e investimentos, mas enfrenta desafios para transformar pesquisa em impacto econômicomerge, e um valuation de mercado que se aproxima de 2 bilhões de dólares, segundo dados do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O Brasil se destaca ainda mais pelo potencial de crescimento desse ecossistema. Segundo o BID, o país abriga 77% de todos os pesquisadores da América Latina, o que demonstra sua capacidade de gerar um volume relevante de pesquisas que podem levar ao desenvolvimento de soluções e negócios deep tech.
A capacidade de inovação do país precisa atuar a favor da geração de deep techs. Temos observado avanços importantes no panorama de inovação e transferência de tecnologia no Brasil, como confirmam os dados mais recentes do FORMICT. O crescimento expressivo da interação entre universidades e empresas, com o número de grupos de pesquisa colaborando com o setor produtivo mais do que triplicando nos últimos anos, é um sinal positivo de amadurecimento do ecossistema de inovação. O número de patentes depositadas e a adoção de estratégias de licenciamento e comercialização de tecnologias também aumentaram. Esses avanços refletem uma mudança de mentalidade e uma maior valorização do conhecimento científico como motor de competitividade.
Mas ainda chama a atenção o persistente desafio de transformar esses resultados em impacto social e econômico. As notícias positivas mostram que já percorremos um longo caminho, mas ainda há muito a fazer. O Brasil tem um enorme potencial para se destacar no cenário global da inovação, mas precisa acelerar a criação de mecanismos que facilitem a transformação da pesquisa em produtos e soluções. Desafios como a atração de investimentos de longo prazo, barreiras institucionais e pressões inflacionárias ainda são obstáculos.
A importância das deep techs tem estimulado a ação de diversos agentes do ecossistema. Recentemente, o Brasil deu um passo importante para fortalecer essas empresas inovadoras, com instituições relevantes como a Finep, o BNDES, a ABDE, o CGEE, o Sebrae e a CNI unindo forças para criar uma Estratégia Nacional de Apoio ao seu desenvolvimento. A cooperação busca alinhar as deep techs aos desafios da Nova Indústria Brasil (NIB), garantindo que elas tenham suporte para crescer. É preciso lembrar que boa parte dos investimentos em deep techs no país vem de recursos públicos, reforçando a importância de políticas estruturadas para o setor. A Wylinka, como parte desse grupo, acredita que a iniciativa possa reduzir burocracias, incentivar investimentos e tornar o país mais competitivo no setor de tecnologia de ponta.
O ano de 2025 será ainda mais promissor para o mercado de deep techs, que está se tornando um dos pilares da economia global. Se quisermos que a ciência se torne um motor real de desenvolvimento sustentável e competitivo para o Brasil, é fundamental ampliar oportunidades e consolidar a ponte entre pesquisa e mercado. O futuro é agora, e as deep techs vieram para fazer a diferença em prol de um mundo melhor.
Por Ana Calçado