Quando o assunto é adoção e desenvolvimento de novas tecnologias que podem impactar a produtividade econômica, o crescimento dos países e das organizações, o Brasil apresentou uma piora em relação ao ano passado. É isto que aponta a edição do Ranking Mundial de Competitividade Digital de 2023, liderada no Brasil pelo Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC). O levantamento avaliou o cenário de 64 países frente à transformação digital no mundo. Neste ano, o país caiu 5 posições no ranking, ficando em 57º lugar — mesma posição que ocupou em 2018 e 2019.
Entre os piores resultados brasileiros estão a experiência internacional da força de trabalho (63º), habilidades tecnológicas (62º) e estratégias de gestão das cidades para apoiar o desenvolvimento de negócios (61º). Como pontos positivos, o estudo destaca o total de gastos públicos em educação (12º), representatividade feminina em pesquisas científicas (17º), produtividade em pesquisas de P&D (7º), robótica em educação e P&D (17º) e uso de serviços públicos online pela população (11º).
No topo da lista, está os Estados Unidos (1º), seguidos de Holanda (2º), Singapura (3º), Dinamarca (4º) e Suíça (5º). Atrás do Brasil, nas últimas posições, ficaram África do Sul (58º), Filipinas (59º), Botsuana (60º), Argentina (61º), Colômbia (62º), Mongólia (61º) e Venezuela (64º).
Uma das conclusões da pesquisa é a consolidação de América do Norte, Europa e Ásia como regiões com os países mais desenvolvidos, ao mesmo tempo em que países latino-americanos continuam entre os piores colocados.
“Os achados sinalizam que o desenvolvimento e a adoção de tecnologias vêm ampliando cada vez mais a distância entre os países no topo e na base. Isso reforça a importância de um maior envolvimento da esfera pública e privada na agenda de construção de uma nação digital, pela complexidade e necessidade de atuação em cooperação para superação de desafios”, afirma Hugo Tadeu, diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC.
No caso brasileiro, o estudo frisa que os desafios são relevantes e sugere a necessidade da criação de um plano estratégico de longo prazo, tanto na perspectiva de governo, quanto das organizações e com foco na formação de capital humano antes do potencial uso das tecnologias digitais. Entre os temas que merecem atenção estão às necessidades de financiamento para o desenvolvimento tecnológico, revisão do ambiente regulatório, uso correto de dados, formação de equipes com novas habilidades para o digital e novos talentos.
Para avançar nesta agenda, os especialistas recomendam uma revisão de resultados de rankings internacionais, como o teste de PISA, a demanda por maior inserção internacional por publicações científicas, o aumento de gastos nas agendas de treinamento de empregados, uma revisão na legislação para novos negócios, redução dos custos de capital para incentivar o digital e a busca por novos modelos de negócios ágeis.
Em sua sétima edição, o ranking avalia a competitividade digital com base em 3 fatores: conhecimento, tecnologia e prontidão para o futuro. Ao todo, são 54 indicadores analisados, por meio da coleta de dados estatísticos em fontes nacionais e internacionais e uma pesquisa de opinião com executivos e especialistas. No Brasil, participaram mais de 100 líderes de diferentes setores, regiões e portes de empresa.
Por Sofia Schuck, Época Negócios