Comparados aos de alguns vizinhos latino-americanos, ainda são tímidos os esforços do Brasil em pesquisas e soluções de inteligência artificial — mas o país ainda tem a chance de se tornar soberano nesse mercado. É o que afirma Márcio Aguiar, diretor na América Latina da Nvidia, gigante americana que está na fronteira da produção de chips especializados em IA.
Segundo ele, uma das alavancas é o capital humano brasileiro — é crescente o número de profissionais qualificados que têm se formado na área de engenharia e sendo expostos às técnicas de IA. Isso, disse Aguiar, abre caminho para que o país aproveite o potencial da nova tecnologia para o desenvolvimento de novos produtos.
— O ecossistema que temos aqui vai nos ajudar porque somos um país sólido. O Brasil é visto como país-exemplo da América Latina. E estamos vendo uma mudança de mentalidade, um ajuste das instituições responsáveis por formar esses indivíduos e trazer o potencial da IA — disse o executivo, que participou nesta terça-feira do painel “Nvidia e a corrida dos chips de IA”, no Web Summit Rio.
Respondendo a perguntas de Ryan Heath, correspondente de tecnologia global da Axios, Aguiar admitiu que há países mais avançados na região, como Argentina e México. Mas ele salientou que há oportunidades para que o Brasil ganhe posições.
— Espero que nos próximos meses estejamos anunciando um supercomputador no Brasil — exemplificou — exemplificou o executivo.
IA baratinha
No evento, Márcio Aguiar tentou desconstruir o truísmo de que a IA é uma tecnologia necessariamente cara e restrita às chamadas Big Techs. Isso apesar de cada processador gráfico da Nvidia não sair por menos de US$ 20 mil.
— Vocês não precisam ter 10 mil, 15 mil GPUs (processadores gráficos de alto desempenho) para rodar seu modelo de IA. Você precisa é de bons dados, estrutura interessante de rede — argumentou. — Você pode até começar seu próprio projeto de IA por US$ 5 por hora, não é um valor alto. É só você alugar o serviço dos nossos parceiros de plataforma que tem todo o “stack” da Nvidia e colocar para rodar.
China não fez falta
A Nvidia fabrica unidades de processamento gráfico (GPUs) e é hoje uma das principais fornecedoras de chips para a indústria global de tecnologia. Questionado sobre o aumento da tensão entre Estados Unidos e China e seu impacto sobre as vendas — o governo americano proibiu a companhia de vender aos chineses —, Aguiar disse que a empresa não sentiu efeitos significativos:
— Em relação a resultados finais, não fomos afetados porque a demanda é tão alta na Europa, na América Latina e em outros países. O México tem sido um dos principais países de investimento devido à proximidade dos EUA. Estamos vendo mais investimentos vindos da América Latina.
A cobertura do Web Summit Rio 2024 na Editora Globo é apresentada pelo Senac RJ e Itaú, com o apoio da Prefeitura do Rio | InvestRio.