Estudo aponta que a exploração de um dos principais pontos globais de mineração de lítio pode ser insustentável
Usado para o desenvolvimento das baterias de veículos elétricos, o lítio se tornou um dos minerais mais cobiçados da atualidade. Um dos principais pontos de mineração é conhecido como “Triângulo do Lítio” e fica nas fronteiras entre Chile, Argentina e Bolívia.
Esta região é apontada como responsável por mais da metade dos recursos mundiais. No entanto, uma nova pesquisa aponta que pode haver um grande obstáculo: o local conta com muito menos água disponível do que se pensava anteriormente.
Aumento da demanda mundial por lítio
- Com a demanda pelo mineral projetada para aumentar 40 vezes nas próximas décadas, os pesquisadores sugerem que as comunidades locais, os reguladores e a indústria de mineração de lítio devem colaborar para garantir um uso racional de água na região.
- Os cientistas explicam que o lítio é o mais leve dos metais e reage rapidamente com a água.
- Quando a chuva ou o derretimento da neve se movem através das camadas de cinzas, o mineral penetra nas águas subterrâneas, descendo a colina até se depositar em uma bacia plana, onde permanece em solução como uma mistura salgada de água e lítio.
- Como essa salmoura é muito densa, ela se deposita sob bolsões de água doce na superfície, que ficam no topo do fluido rico em lítio abaixo, formando lagoas.
- Esses pontos muitas vezes se tornam refúgios para ecossistemas únicos e frágeis.
- Dessa forma, o uso exagerado da água em processos como a mineração do lítio pode causar graves problemas ambientais.
Menos água significa mais riscos para o meio ambiente
Durante o trabalho, publicado na revista Communications Earth and Environment, a equipe analisou 28 bacias diferentes no Triângulo do Lítio. O objetivo era entender o quão escassa é a presença de água doce nestes locais.
Isso não é uma tarefa fácil, porque essas bacias estão localizadas em regiões muito altas, extremamente áridas e relativamente remotas. Além disso, esta região tem mais de 250 mil quilômetros quadrados e existem poucos sensores e estações de monitoramento para rastrear fatores como fluxo e precipitação.
Os dois modelos globais mais comumente usados sugerem que a quantidade de água doce que flui para as bacias é de aproximadamente 90 a 230 mm por ano. No entanto, o novo estudo revelou que o número pode ser bem diferente.
Segundo o trabalho, seriam apenas de 2 a 33 mm, dependendo da bacia em particular, com uma média de apenas 11 mm por ano para as 28 bacias em seu estudo. Isso significa que há muito menos água do que se imaginava, o que torna os processos de extração mais prejudiciais para o meio ambiente.