Levantamento mostra queda sequencial nos valores destinados a indústrias como petróleo, carvão e gás
O sistema de fomento mundial composto por agências e bancos de desenvolvimento investiu mais recursos em ações para diminuir a poluição do ar do que na indústria de combustíveis fósseis pela primeira vez em 2021, mostra levantamento da instituição filantrópica Clean Air Fund, elaborado pela organização de pesquisa Climate Policy Initiative.
Enquanto iniciativas de despoluição do ar receberam verbas de US$ 2,3 bilhões (R$ 11,6 bilhões), projetos relacionados a gás e petróleo, entre outros, tiveram suporte de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,5 bilhões), aponta a pesquisa.
Os dados mostram uma inversão de tendência, pois apesar da queda geral em financiamentos de fomento, o dinheiro direcionado à indústria de combustíveis fósseis diminuiu mais. Em 2019, foram US$ 11,9 bilhões (R$ 60 bilhões) para setores como carvão, gás e petróleo, enquanto iniciativas de combate à poluição do ar receberam US$ 4,8 bilhões (R$ 24,2 bilhões).
O mapeamento não considera no cálculo verbas de políticas nacionais, como dinheiro de ministérios, por exemplo. O financiamento de governos mundiais direcionado ao ar limpo é estimado em US$ 1,6 bilhão (R$ 8 bilhões) por ano, 2% dos investimentos governamentais totais em questões do clima. No caso do sistema de bancos e agências de fomento, a parcela destinada à qualidade do ar é ainda menor, 1%.
A Ásia aparece como força principal no fomento à despoluição do ar, sendo o Japão o maior financiador de 2021, seguido de dois bancos asiáticos de desenvolvimento.
Entre 2017 e 2021, 86% dos US$ 12 bilhões (R$ 60,5 bilhões) destinados à qualidade do ar pelos sistemas financeiros de fomento concentraram-se em China, Filipinas, Bangladesh, Mongólia e Paquistão. A África ficou com 5% deste total, enquanto a América Latina teve 1% dos investimentos
Segundo dados das Nações Unidas, a poluição do ar causa cerca de 9 milhões de mortes prematuras por ano. No Brasil, são cerca de 44 mil mortes anuais, com custo de R$ 1,3 bilhão ao Sistema Único de Saúde.
Texto: Redação, do Um Só Planeta