A diretoria do Banco Mundial aprovou no final da quinta-feira (22) um projeto de US$ 500 milhões (R$ 2,57 bilhões) no Brasil para expandir o financiamento vinculado à sustentabilidade e fortalecer a capacidade do setor privado de acessar os mercados de crédito de carbono e ajudar o país a conter o desmatamento.
A iniciativa, em colaboração com o Banco do Brasil, adota uma abordagem de empréstimos vinculados à sustentabilidade para ajudar o Brasil a atingir suas metas climáticas e oferecer benefícios “robustos” de mitigação, disse organismo multilateral de crédito em comunicado.
O financiamento vinculado à sustentabilidade (SLF) permite custos de financiamento mais baixos quando certas exigências ambientais, sociais e de governança (ESG) são atendidas por uma empresa, mas não exige que os fundos sejam utilizados para fins favoráveis ao clima.
No início de dezembro, o Banco Mundial e seus parceiros lançaram um sistema de rastreamento global para limpar o mercado opaco de créditos de carbono e ajudar os países em desenvolvimento a levantar o tão necessário financiamento climático de forma rápida e mais barata.
Os créditos de carbono –gerados através de atividades como o plantio de florestas ou a retirada do ar de dióxido de carbono prejudicial ao clima– são vendidos aos poluidores para compensar suas emissões como forma de ajudá-los a atingir emissões líquidas zero para limitar o aquecimento global.
“Até 90 milhões de tCO2e em reduções de emissões são esperados até 2030, o equivalente a cerca de 4,5% do que o Brasil precisa para se manter no caminho certo com seus compromissos de zero emissões líquidas”, disse o Banco Mundial.
Espera-se também que o projeto mobilize até US$ 1,4 bilhão (R$ 7,22 bilhões) em capital privado através do aumento do financiamento pelo Banco do Brasil e por investidores privados.
“O Brasil tem um potencial significativo para se tornar um líder global na transição para uma economia de baixo carbono”, disse Johannes Zutt, diretor do Banco Mundial para o Brasil. “Para isso, é necessária uma ação urgente para complementar as intervenções públicas com soluções e financiamentos privados.”
O projeto adota uma “abordagem de financiamento inovadora, baseada em resultados” que incentiva as empresas a adotar e implementar planos confiáveis de redução de emissões de gases do efeito estufa para reduzir sua pegada de carbono em toda a empresa, bem como ligar essas empresas a mercados de carbono de alta qualidade, disse o Banco Mundial.
O Banco do Brasil poderá oferecer a seus clientes pacotes que integram financiamento com suporte para acessar os mercados de carbono, como explicou o Banco Mundial
“Isto proporcionará às empresas brasileiras –pequenas e médias empresas em particular– um serviço acessível de ponta a ponta, começando pela medição de sua pegada de carbono até a geração de retornos a partir de créditos de carbono de alta integralidade”, disse o Banco do Brasil
Parar o desmatamento na Amazônia, floresta responsável pela absorção de grandes quantidades de gases de efeito estufa que aquecem o planeta, faz parte do plano do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para que o país recupere a liderança no debate sobre a mudança climática.