Aspirador-robô: como surgiu o primeiro robô que chegou às nossas casas

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Dispositivo projetado para fazer a limpeza do chão sem a necessidade de intervenção humana combina sensores, motores e tecnologias inteligentes para se mover de forma independente pelos cômodos

Lembra da Rosie, a robô responsável por todos os afazeres domésticos no desenho futurista Jetsons? Nós ainda não temos um robô que consiga desempenhar tarefas do dia a dia como ela, mas há, sim, aparelhos que tentam ajudar a deixar mais fácil a limpeza da casa, como os aspiradores-robôs.

Sonho de consumo de muita gente, esse dispositivo eletrônico autônomo projetado para fazer a limpeza do chão sem a necessidade de intervenção humana combina sensores e tecnologias inteligentes para se mover de forma independente pelos cômodos.

Para chegar a essa realidade, um longo caminho foi percorrido. O primeiro conceito de robô-aspirador foi patenteado pelo engenheiro americano Donald Moore, em 1956. A ideia era que o aparelho, que esfregava e aspirava, fosse controlado por um único botão, que enviava o dispositivo em um caminho pré-programado para limpar um ambiente. Ele, porém, nunca colocou a ideia em prática. A Whirlpool (dona das marcas Consul e Brastemp no Brasil) chegou a demostrar o conceito em uma exposição, mas também não pôs o produto no mercado.

O primeiro robô-aspirador disponível foi fabricado pela Electrolux e chamado “Trilobite”. Apresentado em 1996 e comercializado nos anos 2000, ele usava um conjunto de sensores para navegar pelos cômodos e aspirava sujeira e detritos. O aparelho, porém, era caro e tinha limitações, sendo, logo depois, descontinuado.

O primeiro robô-aspirador disponível foi fabricado pela Electrolux e chamado “Trilobite” — Foto: Reprodução/X/Science Museum
O primeiro robô-aspirador disponível foi fabricado pela Electrolux e chamado “Trilobite” — Foto: Reprodução/X/Science Museum

Foi a empresa iRobot, que também produzia robôs para uso militar e espacial, que conseguiu disponibilizar amplamente o aspirador-robô e fazer uma comercialização bem-sucedida. Fundada em 1990 pelos roboticistas Rodney Brooks, Helen Greiner e Colin Angle, todos com formação no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), a empresa lançou, em 2002, o modelo chamado Roomba.

O Roomba usava sensores para navegar pelos ambientes, evitar obstáculos e limpar de forma autônoma, fazendo com que esse tipo de dispositivo se tornasse, de fato, popular.

Em entrevista à revista Fortune, em 2014, Greiner chegou a dizer que grandes empresas podem fazer inovações em seus laboratórios, mas elas têm dificuldades em levar isso para o mundo real, em parte porque isso pode ser potencialmente disruptivo para seus próprios negócios. “Quando você é uma empresa pequena como a iRobot, você realmente se dedica a uma única coisa, e isso nos ajudou a sair da pesquisa e criar produtos”. Eles perceberam que os robôs não precisam ser usados apenas para tarefas complexas, mas poderiam ser utilizados para coisas simples, como limpar o chão.

Primeira versão do modelo Roomba — Foto: Reprodução/National Museum of American History
Primeira versão do modelo Roomba — Foto: Reprodução/National Museum of American History

Brooks disse que passou muito tempo na China tentando entender como fazer um produto de baixo custo. “Isso nos permitiu fabricar nosso aspirador Roomba de forma barata. Em 2001, a Electrolux havia lançado o Trilobite, um aspirador-robô na Europa, mas o deles custava 2.000 euros, enquanto o nosso era vendido por US$ 200”, disse.

E dá para dizer até que o dispositivo teve lá sua influência de Star Wars. Em uma entrevista para a agência de notícias AP (Associated Press), em 2015, Helen Greiner, que nasceu em Londres, mas se mudou criança para os EUA, chegou a dizer que escolheu trabalhar com robôs após ver “Star Wars” aos 11 anos e ser apresentada ao R2-D2, o robô responsável pela manutenção de naves. “Eu nunca gostei da princesa Leia ou do Han Solo. Era realmente R2-D2”, disse ela.

Desde então, várias outras empresas também começaram a produzir aspiradores-robôs mais acessíveis, aprimorando o design e as funcionalidades do dispositivo.

Roborock apresenta Saros Z70 — Foto: Thâmara Kaoru/Época NEGÓCIOS

Na CES 2025, maior feira de tecnologia do mundo, que aconteceu entre 7 de 10 de janeiro em Las Vegas (EUA), a Roborock, por exemplo, apresentou o Saros Z70, um modelo que possui um braço mecânico dobrável para recolher pequenos objetos do chão e colocá-los no lugar antes de começar efetivamente a limpeza. O dispositivo deve ser lançado ainda este ano. O preço ainda não foi anunciado.

Por Thâmara Kaoru