Mesmo num período modesto em grandes investimentos, elas estiveram nos holofotes e movimentaram importantes negócios neste ano

Diversas startups brasileiras movimentaram negócios e ganharam destaque em 2023 — Foto: Getty Images
Diversas startups brasileiras movimentaram negócios e ganharam destaque em 2023 — Foto: Getty Images

O período atual pode não ser o mais favorável para startups, com investidores freando os investimentos de forma geral. Mas isso não quer dizer que elas não sigam inovando e, por meio dos avanços obtidos, encontrando meios chamar a atenção e atrair recursos.

No Brasil, foram muitos os exemplos que mostraram que o “inverno das startups” não é tão gelado assim. Seja pelo aparecimento em conceituadas listas de analistas de inovação, por premiações obtidas, por rodadas de financiamento que movimentaram bilhões ou, até mesmo, por aquisições por grandes companhias, houve muitos negócios que atraíram a atenção em 2023. Confira a seguir algumas startups que se destacaram em 2023.

Fintechs em alta

As fintechs, que já são maioria entre os unicórnios brasileiros, seguiram sendo protagonistas durante o ano. Na lista das 100 fintechs mais promissoras do mundo divulgada pela CB Insights, o C6 Bank foi o único representante brasileiro. A empresa parece estar agradando seu principal acionista, o banco JP Morgan Chase, que durante o ano aumentou sua participação no banco digital de 40% para 46%.

O C6 também ficou em primeiro lugar na lista LinkedIn Top Startups deste ano no Brasil, ranking da rede social corporativa com as 20 empresas que estão crescendo e ganhando atenção de investidores e dos melhores talentos.

C6 Bank foi a única brasileira na lista das 100 fintechs mais promissoras do mundo divulgada pelo CB Insights — Foto: Divulgação
C6 Bank foi a única brasileira na lista das 100 fintechs mais promissoras do mundo divulgada pelo CB Insights — Foto: Divulgação

No mesmo ranking, a Caju, provedora de benefícios corporativos, foi a segunda colocada. Neste ano, a startup diversificou os negócios, desenvolvendo uma plataforma SaaS que promete economizar cerca de 30 dias úteis por ano de trabalho na área de RH. No Top 20 do LinkedIn apareceram, ainda, outras fintechs, como Flash, Cora, Conta Simples, Marvin, Kanastra e Swap.

Por fim, a Neon, um dos unicórnios brasileiros, que fornece contas digitais e acesso a crédito, captou R$ 331 milhões na segunda emissão de seu Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC). A XP foi a coordenadora líder da oferta.

As principais rodadas de investimentos

As startups brasileiras captaram menos recursos do que em outros anos – segundo o Distrito, foram US$ 778,1 milhões levantados no 1º semestre, uma queda de 51,4% em relação aos seis meses anteriores. Ainda assim, houve vários negócios que chamaram a atenção.

Em um dos maiores desse tipo divulgados em 2023, a QI Tech, startup especializada na prestação de serviços financeiros para empresas, recebeu um aporte de US$ 200 milhões em rodada série B liderada pela General Atlantic, para financiar eventuais aquisições, enquanto prepara uma potencial abertura de capital.

A plataforma de bem-estar corporativo Gympass arrecadou US$ 85 milhões em uma rodada Série F, que deixou a empresa com uma avaliação de US$ 2,4 bilhões. A rodada foi liderada pela EQT Growth, com a participação da Neuberger Berman, em nome de seus fundos de clientes. O aporte ocorreu em um ano recorde para a Gympass, que expandiu sua base de clientes corporativos em 80%, para mais de 15 mil, e ultrapassou a marca de 2 milhões de usuários.

Gympass arrecadou US$ 85 milhões em uma rodada Série F — Foto: Divulgação
Gympass arrecadou US$ 85 milhões em uma rodada Série F — Foto: Divulgação

A fintech Nomad levantou US$ 61 milhões em uma rodada liderada pela Tiger Global Management. O valor será usado para expandir a plataforma e lançar novos produtos, inclusive na área de crédito.

Já a Digibee, plataforma de integração de softwares e serviços, conquistou uma rodada de US$ 60 milhões, liderada pelo Goldman Sachs Asset Management, com participação de Leadwind, braço de growth da gestora europeia K Fund, e Vivo Ventures, fundo de Corporate Venture Capital da telecom.

Daki, aplicativo de entrega de compras de supermercado, recebeu dois grandes cheques em 2023, ambos no valor de US$ 50 milhões. Segundo a empresa, o valor será utilizado para expandir a oferta de produtos e acelerar o crescimento em direção à lucratividade. Participaram dos aportes Convivialité Ventures, braço de investimento da Pernod Ricard, Tiger Global, TriplePoint Capital e Monashees, entre outros.

Por fim, a Mottu, empresa de aluguel de motos presente em 30 cidades do país, conseguiu uma rodada Série C de US$ 50 milhões, liderada pela QED Investors e pela Bicycle Capital.

Aquisições milionárias

Em alguns casos, as startups que se destacaram em 2023 chamaram tanto a atenção de empresas que foram adquiridas por uma delas em sua totalidade.

Foi o caso da gestora digital Magnetis, que se intitula como a primeira wealthtech do país e foi comprada pelo BTG Pactual. Fundada em 2012 por Luciano Tavares, a startup oferece soluções de “robô-advisors”, ou seja, consultores virtuais que ajudam os clientes a definirem estratégias de investimento. A aquisição é parte dos investimentos do BTG para a expansão das plataformas digitais do banco.

Outra foi a Pismo, empresa desenvolvedora de tecnologia bancária e pagamentos, adquirida pela Visa por US$ 1 bilhão, em dinheiro. Com isso, a fintech se tornou a única startup brasileira a virar unicórnio em 2023. A Pismo opera na América Latina, Europa e região da Ásia-Pacífico.

Destaque internacional

Outras startups podem ainda não movimentar bilhões de reais nem receber investimentos astronômicos, mas figuraram como apostas interessantes para o futuro.

Uma delas foi a legaltech Inspira, vencedora do concurso de startups early stage promovido pelo Web Summit Lisboa. A empresa criou uma plataforma colaborativa com IA para quem precisa fazer pesquisas sobre jurisprudência de forma rápida e precisa. A startup permite que profissionais jurídicos trabalhem em colaboração, acelerando e melhorando o processo de tomada de decisões, a partir do uso de recursos de inteligência artificial aplicados a dados massivos.

 A startup Inspira, de São Paulo, subiu ao palco do Web Summit Lisboa para receber o prêmio Pitch — Foto: Divulgação
A startup Inspira, de São Paulo, subiu ao palco do Web Summit Lisboa para receber o prêmio Pitch — Foto: Divulgação

Outras três empresas foram destacadas pelo Fórum Econômico Mundial em sua lista de 100 startups early stage pioneiras em tecnologia. Uma delas foi a DIO, uma plataforma educacional que visa facilitar a entrada de brasileiros no mercado de tecnologia, fornecendo cursos e bolsas, e depois conectando esses novos profissionais a grandes empresas.

Outra destacada foi a Noh, que oferece conta e cartões conjuntos para pessoas que compartilham suas finanças, sejam famílias, casais ou grupos de amigos em casos pontuais.

Por fim, ganhou destaque também a Oxygen, que alia o fornecimento de serviços financeiros e tecnologia a impacto social positivo. Por exemplo, conectando recursos a quem promove o desenvolvimento social sustentável, ou promovendo acesso a créditos de carbono. O foco é na população em áreas rurais.

Texto: Epoca Negocios