O imaginário de muitos de nós ainda vislumbra cidades com carros voadores, robôs, trabalho automatizado e diversas outras tecnologias facilitadoras do cotidiano. Talvez essa imaginação seja resultado de filmes e animações que nos fazem crer que o futuro das cidades é a tecnologia.
Os Jetsons, série animada de televisão exibida no Brasil pela TV Excelsior e SBT nos anos 60 e 80, narrava a história de uma família que convivia com um grande avanço tecnológico no ano de 2062. A cidade onde viviam, Orbit City, contava com arquitetura estilo Googie, ou seja, as casas e empresas suspensas sobre o chão e com colunas ajustáveis possuíam tetos elevados e curvilíneos, figuras geométricas e o uso arrojado de vidro, aço e néon.
Apesar de toda a tecnologia que faz parte da vida da família, sempre existe um desafio a ser superado, as inovações falhavam, o trabalho era estressante e as relações eram conturbadas. O que nos leva ao outro lado dessa conversa; criar tecnologias por criar não facilita as nossas vidas, mas criar tecnologias inteligentes, isso sim é o futuro das cidades.
Se analisarmos isoladamente o setor da construção civil podemos perceber como a tecnologia tem sido uma ferramenta essencial para promover sustentabilidade. Esse é um dos setores que mais agridem o meio ambiente, sendo responsável pelo consumo de 75% de todos os recursos naturais do planeta. Com o objetivo de minimizar o alto impacto negativo das construções no meio ambiente, a arquitetura sustentável faz o uso de materiais e práticas alternativas.
Essas habitações inteligentes são capazes de poupar recursos, reaproveitar materiais e ser autossuficientes, especialmente quando o assunto é energia, pois esse é um dos maiores responsáveis pela degradação ambiental. Nesse ponto a arquitetura se assemelha à tríade fundamental das cidades inteligentes; desenvolvimento econômico, qualidade de vida e sustentabilidade.
As cidades inteligentes, ou cidades do futuro, diferente do que narra Os Jetsons, são aquelas sustentáveis, eficientes, seguras e que proporcionam mais qualidade de vida para os seus habitantes. Certamente a tecnologia é uma aliada indispensável, mas ela por si só não pode fazer desse conceito uma realidade possível.
Assim como o conceito se baseia em uma tríade, a governança de cidades inteligentes também segue por esse caminho; é preciso criar uma entidade gestora, políticas de qualidade e colaboração público-privada. A tecnologia, como já percebemos até aqui, não é a única questão, mas é uma aliada essencial.
Levando em conta todas as questões já citadas e voltando ao ponto inicial dessa conversa, Os Jetsons nos ensinaram, há décadas, que a tecnologia precisa estar a serviço das pessoas, dos consumidores e da cidadania como uma forma de otimizar recursos, promover sustentabilidade e preservar o meio ambiente de forma inteligente.
Podemos concluir então que as cidades inteligentes devem colocar a tecnologia para trabalhar a seu favor com o objetivo de entregar melhor qualidade de vida para os cidadãos, serviços de transporte, segurança, saúde, consumo de energia otimizado, proteção contra desastres naturais, lazer e cultura, oportunidades de desenvolvimento econômico, tecnologias limpas, inovação, governança inteligente e muito mais.
Texto: Milena Vilar