Segundo a MapBiomas, 58% das áreas desmatadas são pastagens e a maior parte do território se localiza na Amazônia
A área ocupada pela atividade agropecuária no Brasil cresceu 50%, entre 1985 e 2022, avançando uma área maior do que o Mato Grosso, terceiro maior estado brasileiro, afirmam dados do MapBiomas. Ainda segundo este levantamento, a agropecuária avançou em mais de 95 milhões de hectares. Em quase quatro décadas, a área total da agropecuária soma 282,5 milhões de hectares, onde 58% são pastagens e a maior parte do território se localiza na Amazônia.
Nas regiões amazônicas, 13,7 milhões de hectares eram áreas de pasto em 1985 e chegaram a 57,7 milhões de hectares em 2022. Com isso, a Amazônia ultrapassou o Cerrado no avanço das pastagens sobre a vegetação nativa.
De acordo com a MapBiomas, 64% do avanço da agropecuária no Brasil acontece por desmatamento para pastagens. Já os outros 26% da expansão da agricultura ocorre em áreas que já foram usadas e destruídas indevidamente, ou seja, áreas antropizadas. E os outros 10% da área total correspondem a desmatamento direto para agricultura.
Lavouras de cana, café e grãos
Segundo a Map Biomas, 72,7% das áreas agrícolas convertidas brasileiras correspondem a áreas antropizadas e intensificação agrícola. A área de agricultura aumentou mais de 41 milhões de hectares entre 1985 e 2022 no Brasil, correspondendo a duas vezes a área do estado do Paraná. A maior parte (96%) é de lavouras de grãos e cana, que triplicaram em 38 anos. A conversão direta de vegetação nativa para agricultura teve declínio em 2018 e 2022, apesar da constância ao longo deste recorte de tempo.
A agricultura se instalou na Amazônia e no Cerrado. Na Amazônia, a plantação de soja foi a que mais aumentou nas últimas duas décadas, passando de um milhão de hectares para sete milhões de hectares. Já no Cerrado, a soja aumentou mais de 15 vezes, tornando o Cerrado o bioma que lidera a plantação do grão.
O café permanece como a cultura perene mais plantada, com 1,3 milhões de hectares em 2022. A silvicultura aumentou seis vezes entre 1985 e 2022, indo de 1,5 milhão de hectares para 8,8 milhões de hectares. Vale ressaltar que o Pampa também merece destaque pois alcançou quase um milhão de hectares em 2022 com um aumento considerável nos últimos anos.
As pastagens brasileiras
A conversão de vegetação para pastagens encarou uma tendência de alta a partir de 2013. Na Amazônia, cerca de 45% das áreas de pastagens são novas, com menos de 20 anos. Segundo a MapBiomas, três em cada quatro hectares de pasto na Amazônia foram formados a partir de 1990, sendo que quase 15% foram criados nos últimos cinco anos. Entre 1985 e 2022, os estados com maiores áreas desmatadas por criação de pastagens foram: Pará (18,5 milhões de hectares), Mato Grosso (15,5 milhões de hectares), Rondônia (7,4 milhões de hectares), Maranhão (5,4 milhões de hectares) e Tocantins (4,5 milhões de hectares).
Já no caso dos estados com maior desmatamento para pastagens que depois viraram áreas agrícolas são: São Paulo (2 milhões de hectares), Mato Grosso (1,2 milhões de hectares), Rio Grande do Sul e Mato Grosso (1,1 milhão de hectares) e Paraná (1 milhão de hectares).