País deve receber outros componentes até o fim de 2023, no valor de cerca de US$ 120 milhões
Em meio à disputa acirrada pelo desenvolvimento de softwares de inteligência artificial (IA), a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos têm se antecipado e adquirido chips de alto desempenho da Nvidia.
Na mais recente iniciativa, em agosto deste ano, o país saudita teria comprado pelo menos 3 mil chips H100 da empresa de tecnologia por intermédio da Universidade de Ciência e Tecnologia King Abdullah (Kaust, na sigla em inglês), cada um avaliado em US$ 40 mil, de acordo com informações do jornal americano Financial Times.
O chip H100 foi classificado por Jensen Huang, CEO da Nvidia, como “o primeiro computador projetado para IA generativa”.
Segundo o Financial Times, a universidade saudita está construindo um supercomputador, o “Shaheen III”, que pode ser lançado ainda este ano. A máquina deve rodar até 700 Grace Hoppers — os chamados superchips da Nvidia — projetados por inteligência artificial de ponta.
A Kaust deve usar esses chips para construir seu próprio modelo de linguagem – um software que poderá gerar textos, imagens e códigos – semelhante ao GPT-4, da OpenAI, que alimenta o ChatGPT.
A universidade saudita deve receber outros 3 mil componentes até o fim de 2023, no valor total de cerca de US$ 120 milhões.
Os Emirados Árabes Unidos já desenvolveram seu próprio modelo de linguagem de código aberto, o Falcon, criado no Instituto de Inovação Tecnológica em Masdar, Abu Dhabi. O software tem funcionamento equivalente ao do ChatGPT, mas foi desenvolvido para os idiomas árabes.
As potências do Golfo já tinham declarado publicamente o interesse em se tornarem líderes em IA, como parte de um plano ambicioso para turbinar a economia dos países. Não por acaso, gigantes da tecnologia como Tencent e Alibaba também demonstraram interesse nos itens.
Segundo fontes ouvidas pelo Financial Times, a Nvidia planeja enviar cerca de 550 mil chips H100 em 2023, especialmente para empresas de tecnologia dos Estados Unidos.
Procurada pela CNN, a Nvidia não quis comentar o assunto. A Universidade de Ciência e Tecnologia King Abdullah também foi procurada, mas não respondeu até a publicação desta reportagem.
EUA restringem venda de chips para 23 países
Enquanto Arábia Saudita e Emirados Árabes expandem negócios com a Nvidia, o governo dos Estados Unidos segue reduzindo a gama de semicondutores que as empresas norte-americanas poderão vender à China.
Na terça-feira (17), o Departamento de Comércio dos Estados Unidos emitiu novas regras que endurecem as restrições de exportação introduzidas em outubro de 2022.
Chips avançados de inteligência artificial (IA), como os produtos H800 e A800 da Nvidia, serão afetados, de acordo com um documento regulatório da empresa norte-americana.
Para o governo, as medidas são necessárias para eliminar brechas nas regulações impostas no final do ano passado.
Além da China e Macau, os regulamentos também expandem as restrições às exportações para outros 21 países com os quais os Estados Unidos mantêm um embargo de armas, incluindo o Irã e a Rússia.
As medidas devem entrar em vigor nos próximos 30 dias.
Congresso irá discutir inteligência artificial na Arábia Saudita
Entre os dias 24 e 26 de outubro, ocorre a sétima edição do Future Investment Initiative, em Riyadh, na Arábia Saudita, congresso internacional que irá discutir as principais tendências para a economia e os negócios em meio ao que identifica como uma “nova ordem mundial” em formação.
Sob o tema “Uma nova bússola”, a edição de 2023 do congresso terá painéis para debater as tendências de setores como energia, infraestrutura, inteligência artificial, cultura e turismo.
O futuro da democracia, bem como os motores que movem novos atores econômicos como a China, o Oriente Médio e os países da África, também são debates que estão na agenda. A programação pode ser vista na página do evento, em inglês.
Fonte: CNN Brasil