Criado por empreendedores brasileiros, GigU permite que motorista escolha corridas mais lucrativas e desafia gigantes do setor, como Uber e Lyft, ao dar transparência e controle aos trabalhadores
O app GigU, desenvolvido por empreendedores brasileiros para ajudar motoristas de aplicativos e entregadores a decidir, em segundos, se vale a pena financeiramente aceitar uma corrida, foi lançado nos Estados Unidos esta semana.
Disponível apenas para sistemas Android, a ferramenta se baseia nas informações visíveis na tela do trabalhador no momento em que o serviço aparece, e dá uma estimativa do ganho que se terá por quilômetro (ou milha) rodado.
A aplicação analisa informações de vários apps de trabalho temporário, incluindo Uber, Uber Eats, Lyft e DoorDash.
Os usuários podem definir faixas específicas de remuneração e, com base nessas configurações, o app atribui uma cor aos pedidos ou corridas que são feitos – verde para os mais lucrativos, amarelo para os que se situam principalmente entre as faixas definidas e vermelho para os que não atendem aos objetivos.
“Eles [motoristas e entregadores] tendem a aceitar tudo”, disse Luiz Gustavo Neves, CEO e cofundador da GigU, em entrevista ao Business Insider. “Precisam estar mais atentos a quais viagens são lucrativas e quais não são.”
Resistência brasileira: como o app enfrentou e venceu a Uber na Justiça
A história da GigU começou com a criação do StopClub, um ponto de apoio físico no Brasil para trabalhadores temporários, onde eles podiam comer e lavar seus carros.
Durante a pandemia, Neves e seu sócio Pedro Inada lançaram um aplicativo, já que as pessoas não podiam se reunir presencialmente, e, em 2023, incluíram nele as primeiras versões do recurso de filtragem de corridas, atendendo a pedidos da própria comunidade.
Já naquela época, o recurso despertou a ira da Uber. A empresa no Brasil alegou que o aplicativo violou as leis locais de direitos autorais e de concorrência e obteve e armazenou ilegalmente dados confidenciais. Por conta disso, entrou com uma ação judicial, mas o juiz do caso decidiu a favor da GigU e manteve o aplicativo funcionando.
Um porta-voz da Uber afirmou ao BI que “o uso de ferramentas de automação, aplicativos ou bots para manipular o aplicativo da Uber ou acessar dados da Uber de qualquer forma não é permitido”, de acordo com suas diretrizes da comunidade e termos de serviço. Ele acrescentou que a empresa ainda está “envolvida na esfera jurídica no Brasil” com a GigU e a StopClub.
Em sua defesa, os fundadores da GigU afirmaram que o aplicativo simplesmente coleta informações que o trabalhador já vê e as apresenta em um contexto mais analítico, cabendo a ele pegar ou não a corrida.
Neves e Inada ainda garantiram que a plataforma não aceita trabalhos em nome dos usuários e nem falsifica sua localização GPS – outros apps com funcionalidades semelhantes fazem isso.
“Tivemos usuários nos pedindo para fazer esse tipo de coisa também”, contou Neves. “Dissemos: não, não vamos fazer isso, porque é errado. Nós apenas damos transparência a eles.”
Transparência que faz a diferença no dia a dia
Len Sherman, executivo residente e professor adjunto da Columbia Business School, dos Estados Unidos, disse ao Business Insider que ter essa transparência pode fazer a diferença para trabalhadores temporários que recebem uma viagem ou um pedido enquanto estão no meio da conclusão de outro.
“É uma sobrecarga do sistema. Eles ainda têm um passageiro, estão tentando descobrir como terminar a viagem, mas algo acontece, é uma distração. No geral, eles estão aceitando essas viagens, e é por isso que a Uber consegue manter o preço baixo”, completou.