Depois dos ajustes e das notícias frequentes de demissões, as big techs anunciaram uma temporada de salto nos ganhos em 2023. Com o Facebook, prestes a completar 20 anos, a Meta informou ontem que vai pagar dividendos pela primeira vez, com previsões de receitas para o primeiro trimestre que superaram as projeções de analistas e levaram as ações a um salto após a divulgação de resultados.
A empresa de Mark Zuckerberg, que abrange redes como Facebook e Instagram, registrou resultado líquido de US$ 39,098 bilhões em 2023, um aumento de 69% em relação ao desempenho do ano anterior.
A companhia vai pagar dividendo trimestral no valor de US$ 50 por ação. Além disso, fará um programa de recompra de papéis avaliado em US$ 50 bilhões.
Com base em resultados mais robustos no período de outubro a dezembro, a empresa sinalizou que a receita do primeiro trimestre deve ficar em US$ 37 bilhões, impulsionada pelo desempenho da publicidade digital. Analistas previam um patamar de US$ 33,6 bilhões.
Amazon: Salto nas vendas
Diante de números mais otimistas do que os contidos nas projeções, as ações subiram 7,5% após o fechamento do pregão regular. No ano, os papéis já subiram 12%.
Em outra frente, a Amazon fechou 2023 com lucro líquido de US$ 30,4 bilhões no ano passado. No ano anterior, a empresa de Jeff Bezos havia tido prejuízo de mais de US$ 2 bilhões.
Colaborou para os resultados o bom desempenho da empresa no quarto trimestre, quando as vendas on-line subiram impulsionadas por uma maior rapidez nas entregas e uma temporada natalina especialmente bem-sucedida. Após a divulgação dos resultados, as ações subiram 6% na negociação após o horário regular do pregão.
“A conclusão é que, apesar de todas as preocupações que assolam o setor de tecnologia, a Amazon conseguiu um desempenho surpreendentemente bom”, disse Jesse Cohen, analista sênior da Investing.com. “Os resultados indicam que as medidas de corte de custos em andamento estão tendo um impacto positivo nas perspectivas de negócios da Amazon.”
Apple ganha com iPhone
A Apple também viu seus ganhos subirem no último trimestre do ano, com lucro de US$ 33,9 bilhões no período de outubro a dezembro de 2023, uma alta de 13% em relação a igual período de 2022. As vendas do iPhone foram além das expectativas e a empresa retomou o crescimento da receita.
Daniel Haddad, diretor de investimento da Avenue, lembra que todas as big techs entregaram números melhores em 2023 do que o mercado esperava. E seus resultados costumam ser “superlativos”. Para dar dimensão do impacto, ele cita que a recompra de ações da Meta no valor de US$ 50 bilhões chega próximo ao valor de mercado da Vale, de cerca de US$ 60 bilhões.
Para Lucas Ribeiro, analista de renda variável da Kinitro Capital, a sinalização da Meta de pagar dividendos é significativa. Ele lembra que a empresa queimou caixa com investimentos vistos como superdimensionados pelo mercado, fato que fez a ação ser penalizada. A “reconciliação” com o mercado só veio depois de um período de ajustes:
“Esse resultado é um indicativo de um compromisso que o fundador tem para o futuro da empresa. Ao se comprometer em distribuir resultado daqui para frente, ele está dizendo que a companhia vai seguir sustentável, com margens boas e com investimentos bem dosados.”
O sócio da Arbor Capital Matheus Popst lembra ainda que a Meta indicou aumento de gastos para 2024, o que inclui esforços em inteligência artificial, segmento visto com bons olhos pelo mercado.
“O ano de 2024 vai ser interessante para ver como a Meta vai de fato começar a implementar inteligência artificial (IA) em seus aplicativos”, diz ele.
Haddad, da Avenue, avalia que 2023 foi o ano da busca por eficiência nas big techs, com redução de pessoal, fechamento de escritórios e corte de investimentos em áreas não promissoras. Mas o que vai ditar em 2024 os anos futuros são as iniciativas entregues no campo da inteligência artificial:
“O mercado está olhando com lupa todas as inovações que essas empresas têm feito, principalmente nessa área de IA.”
Por Carolina Nalin, Agência O Globo
