Astrônomos descobriram que uma anã marrom chamada WISE 1810055-1010023, localizada nas redondezas da Via Láctea, tem propriedades mais peculiares do que se imaginava na ocasião de sua detecção, em 2020. Além de muito fria e escura, ela praticamente não possui metalicidade.

Descoberta em 2020, a WISE 1810055-1010023 (WISE 1810 para abreviar) é apenas mais uma anã marrom entre as mais de 2 mil já detectadas em nossa galáxia. Esse tipo de objeto, conhecido como “estrela fracassada” é difícil de detectar por emitir pouco brilho.

Anãs marrons são corpos maiores que qualquer planeta, mas pequenos e frios demais para se tornarem uma estrela — elas não adquirem massa o suficiente para sustentar a fusão de hidrogênio em seu núcleo e, portanto, não liberam energia estelar.

Mesmo assim, elas podem realizar a fusão de deutério, então elas possuem um certo “brilho”, mas não podem produzir a pressão necessária para gerar energia e elevar a temperatura. Isso as torna muito mais escuras que uma estrela como o Sol, por exemplo, embora sejam ligeiramente brilhantes.

Usando vários instrumentos (OSIRIS, EMIR, HiPERCAM no Gran Telescopio Canarias; ALFOSC no Telescopio Óptico Nórdico; Omega2000 no Observatório Astronômico Calar Alto), os astrônomos observaram a WISE 1810, localizada a apenas 29 anos-luz de distância da Terra — ou seja, uma das vizinhas próximas do Sistema Solar.

A equipe descobriu que a temperatura do WISE 1810 é de 525 graus Celsius e a luminosidade equivale a um milionésimo do Sol. “A nova anã marrom tem propriedades fotométricas e espectroscópicas muito peculiares que exigirão novas investigações”, disse o Dr. Nicolas Lodieu, astrônomo do Departamento de Astrofísica da Universidade de La Laguna.

De acordo com os pesquisadores, não há vestígios de amônia e metano nas observações do infravermelho próximo. Isso faz desta anã marrom de 10 bilhões de anos de idade o primeiro objeto tão escuro e sem metais (elementos além do hidrogênio e hélio) em nossa galáxia.

Em outras palavras, o WISE 1810 é “um mundo de vapor de água porque vapor e hidrogênio molecular são as únicas características fortes que podemos ver na distribuição de energia espectral do objeto”, disse Eduardo Martín, também astrônomo da Universidade de La Laguna.

O estudo de anãs marrons é importante para astrônomos aprenderem mais sobre os processos de formação de estrelas. Embora a WISE 1810 seja a primeira com tais características a ser encontrada na Via Láctea, é possível que, em breve, os cientistas encontrem muitas outras semelhantes.

Um artigo sobre as descobertas foi publicado na revista Astronomy & Astrophysics.

Fonte: Canal Tech

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