A Amazônia brasileira registrou 2.287 focos de incêndios florestais em maio, o maior número para o mês em 18 anos, informou nesta quarta-feira (1º/06) o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O número de fontes de calor medido pelos satélites do Inpe em maio foi 96% superior ao do mesmo período do ano passado (1.166) e o maior índice para o mês de maio desde 2004, quando foram registrados 3.131 incêndios florestais na parte brasileira da maior floresta tropical do mundo.
Segundo o Inpe, com o salto das queimadas em maio, o número de fontes de calor nos primeiros cinco meses de 2022 subiu para 4.971, o que significa um crescimento de 22% em relação ao mesmo período de 2021.
No Cerrado, houve 3.578 incêndios, segundo o Inpe, um aumento de 35% em relação a maio de 2021 e o número mais alto para um mês de maio desde que os registros começaram, em junho de 1998.
Também há alarme sobre a área de Mata Atlântica, na costa brasileira, onde o desmatamento aumentou 66% no ano passado, de acordo com um relatório da semana passada da ONG SOS Mata Atlântica.
Ambientalistas salientam que o Brasil tem enfrentado um aumento dos incêndios florestais e do desmatamento desde que o presidente Jair Bolsonaro tomou posse, em janeiro de 2019.
“Estes números não são uma exceção, fazem parte de uma tendência de destruição ambiental nos últimos três anos, que é o resultado de uma política deliberada do governo”, lamentou o diretor da filial brasileira do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), Mauricio Voivodic. Segundo ele, o Governo de Bolsonaro está “ignorando a ciência, e o Brasil pagará um preço pesado no futuro”.
“É um desastre ambiental sem precedentes, que pode se agravar se o Congresso insistir em aprovar medidas do Executivo que fragilizem ainda mais a preservação do meio ambiente”, ressaltou Voivodic.
Situação pode piorar
De acordo com especialistas, a maioria destes incêndios são em decorrência de queimadas agrícolas em áreas desmatadas ilegalmente. Maio não costuma ser o mês com mais incêndios florestais – o pico normalmente ocorre em agosto e setembro, no meio da estação seca. Por essa razão, um número de incêndios tão alto já no mês de maio levanta o temor de que 2022 seja um ano particularmente devastador.
A tendência é que a situação piore nos próximos meses e que o número de incêndios florestais volte a subir após a trégua de 2021, quando o número de chamas caiu 37% em relação a 2020.
Os 103.161 incêndios registrados na Amazônia em 2020 destruíram uma área 15,6% maior que a de 2019, quando imagens de chamas avançando pela floresta chocaram o mundo e provocaram protestos em vários países.
Bolsonaro, conhecido por defender e permitir atividades de mineração e agrícolas em áreas protegidas – incluindo em territórios indígenas – é alvo de muitas críticas por parte da comunidade internacional por sua política ambiental.
Desmatamento também cresce
Além das queimadas, a área desmatada na Amazônia também vem crescendo nos últimos meses.
Segundo dados do Inpe, os alertas de desmatamento na floresta atingiram novo recorde mensal em abril, com 1.013 quilômetros quadrados de floresta derrubados, o que representa um salto de 74,6% em relação ao mesmo mês do ano passado e o maior nível para abril desde 2016.
Entre janeiro e abril, o Inpe emitiu alertas de desmatamento de 1.954 quilômetros quadrados na maior floresta tropical do mundo, que corresponde a cerca de 60% do território brasileiro, com registros em três dos quatro primeiros meses do ano.
Dados oficiais mostram que, entre agosto de 2020 e julho de 2021, a Amazônia brasileira perdeu 13.235 quilômetros quadrados de vegetação, a maior área degradada em doze meses registrada nos últimos quinze anos.
Desde o início do mandato de Bolsonaro, a desflorestamento médio anual da Amazônia brasileira aumentou em mais de 75% em comparação com a década anterior.
Fonte: G1 Globo