Em celebração ao Dia da Consciência Negra, comemorado na quarta-feira (20.11), alunos do ensino fundamental do Sesi Escola Cuiabá e Várzea Grande realizaram uma exposição de trabalhos que evidenciam a cultura e a história africana e afro-brasileira. Eles participaram de palestras reflexivas sobre a valorização da diversidade e se engajaram em atividades maker, como construção de maquetes, cartazes, bonecas e jogos.

Em Cuiabá, a ação foi realizada de forma multidisciplinar, envolvendo professores de diversas áreas e alunos do 6º ao 9º ano. Para a estudante Emily Dezem, a ação foi enriquecedora e diferenciada. “Excelente iniciativa. Participar da aula me proporcionou um rico conhecimento. Aprendi diversas coisas que trazem conscientização para um assunto extremamente importante na atualidade”, destaca.

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Alunos colocaram a mão na massa.

Mais do que mobilizar a comunidade escolar a não ser racista, a escola estimula uma postura de luta antirracista e inclusiva, avalia o estudante Lúcio Flávio. “Achei a atividade fundamental, visto que o racismo ainda ocorre na sociedade e precisamos formar uma comunidade antirracista”, pontua.

As bibliotecas das escolas se transformaram em cenários lúdicos, ideais para palestras transformadoras. No espaço, os jovens e as crianças participaram de um resgate da história da boneca Abayomi e dos turbantes, conduzido pela artista Giselly Souza.

A boneca é símbolo de resistência e tradição africana. O brinquedo foi criado para crianças, jovens e adultos na época da escravidão. As mulheres negras as confeccionavam com pedaços de suas saias, único pano encontrado nos navios negreiros, para acalmar e trazer alegria a todos. Já o turbante é um indumentário com diversos significados, dentre eles está o uso para proteger a cabeça das mulheres africanas que carregavam coisas pesadas sobre elas, como cestos ou seus filhos. Ele também é sinônimo de resistência, estética negra e fé.

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Boneca Abayomi despertou a criatividade da garotada.

Pelos corredores da biblioteca ecoaram também a voz e a arte da escritora cuiabana Patty Wolff, que fez ilustrações e fez falas imponentes sobre a temática. A ação “Vidas Negras Importam”, idealizada pela ativista Elisana Bueno, chamou a atenção das crianças e jovens. Já a roda de conversa sobre “Identidade e Cabelo” e “Mulheres na Ciência” estimulou o pensamento crítico dos alunos. O debate foi liderado pela representante do Estúdio Charme Black e integrante do Grupo de Ciência da UFMT, Eliete.

Os alunos mais velhos também conduziram algumas discussões. Eles foram responsáveis por brincadeiras e contação de histórias para as crianças, abordando a cultura afro-brasileira e questões de respeito, valorização e igualdade.

A turminha do 3º ano do Sesi VG apresentou um musical sobre a boneca Abayomi, proporcionando um mergulho completo na história do brinquedo, além de trabalharem na confecção do item. Eles também elaboraram cartazes relacionados ao tema da aula. “Evidenciamos algumas identidades, e eu escolhi Zumbi dos Palmares. Adorei saber mais sobre esse ícone da história brasileira”, conta Enzo Gabriel. Apaixonada pelos cabelos afros, Isis Aparecida desenhou uma mulher negra com cabelo crespo e uma faixa como acessório. “Amei os projetos. Estavam todos lindos”, elogia.

A gerente da unidade de Cuiabá, Luciana Brandão, enfatiza a relevância da atividade para o desenvolvimento intelectual e social dos estudantes. “Focamos no aprimoramento das habilidades dos alunos, sem deixar de fora os temas imprescindíveis para uma sociedade justa e igualitária”, explica Luciana. A gerente da unidade de VG, Pollyanna Coelho, destaca o comprometimento da comunidade escolar com a causa. “Os pais, alunos e professores estão engajados no enfrentamento de todo tipo de preconceito, e isso ficou evidente durante a aula”, finaliza.

Texto: Fernanda Nazário