sexta-feira,20 setembro, 2024

Alimentos ultraprocessados: ruins para a saúde e para o meio ambiente

Alimentos ultraprocessados têm ganhado popularidade, mas seu consumo prejudica tanto a saúde quanto o meio ambiente

Alimentos ultraprocessados (AUP) têm experimentado um aumento significativo em sua popularidade. Eles abrangem uma vasta gama de produtos, desde refeições prontas até lanches embalados, e têm conquistado espaço nas prateleiras dos supermercados.

Atrativos pela sua conveniência e preços acessíveis, tais alimentos oferecem uma satisfação instantânea, são ricos em gorduras saturadas, açúcares, sal e aditivos. Apesar das discussões frequentes sobre os impactos negativos desses alimentos na saúde, como obesidade e doenças cardiovasculares, pouco se tem falado sobre seu impacto ambiental.

O que são alimentos ultraprocessados?

Os alimentos ultraprocessados, ou AUP, são definidos como “formulações de ingredientes, na maioria de uso industrial exclusivo, que resultam de uma série de processos industriais” e contêm poucos ou nenhum alimento integral.

Eles são produzidos utilizando métodos industriais, que envolvem processos como moldagem, modificação química e hidrogenação. O consumo de AUP não é recente, sendo que produtos processados em escala industrial já eram comuns na Europa nos séculos XVIII e XIX.

O consumo desses alimentos tem crescido ao longo dos anos, com números alarmantes de consumo no Canadá e no Reino Unido, especialmente entre homens, jovens, pessoas de baixa renda e com problemas de obesidade. A acessibilidade e a durabilidade desses produtos, aliadas ao seu alto teor de açúcar, contribuem para essa tendência.

Impacto ambiental de alimentos ultraprocessados

  • Em um artigo publicado no The Conversation, a consultora agrônoma Laila Benkrima discutiu esta questão.
  • Como destacado por ela, os AUP têm um processo de fabricação intensivo em energia e envolvem cadeias de suprimentos longas, resultando em emissões consideráveis de gases de efeito estufa.
  • Os impactos ambientais mais significativos dos AUP derivam das etapas pós-produção, em particular na criação do produto final e na embalagem.
  • Aditivos como o óleo de palma, amplamente utilizado na indústria de alimentos, têm um impacto ambiental severo devido ao desmatamento de florestas biodiversas.
  • O xarope de milho rico em frutose, outro componente comum dos AUP, deixa uma pegada de carbono substancial e está associado a problemas de saúde, como obesidade e diabetes.
  • O desperdício gerado pelas embalagens plásticas dos AUP agrava ainda mais o problema, afetando a saúde do solo e a vida marinha.

Rumos para alimentação sustentável

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Imagem: Shutterstock.com / Oksana Kuzmina

Não há uma resposta simples para o problema, como ressalta o artigo de Laila Benkrima, mas existem alternativas que podem ajudar a reduzir a pressão sobre os recursos naturais disponíveis no planeta. A adoção de práticas agrícolas sustentáveis que priorizem a agricultura regenerativa, a redução de resíduos e o uso de ingredientes locais pode efetivamente reduzir o impacto de carbono dos AUP.

Além disso, ela sugere que as empresas devem adotar tecnologias eficientes no uso da água e apoiar iniciativas que restaurem habitats naturais, pois essas são etapas essenciais para a conservação da água e da biodiversidade. Órgãos públicos e de saúde precisam pressionar os governos a adotarem novas políticas e implementarem medidas que protejam a saúde pública e o meio ambiente.

Avanços na tecnologia agrícola podem desempenhar um papel fundamental na mitigação do impacto ambiental dos aditivos alimentares. Técnicas de agricultura de precisão, tomada de decisões baseada em dados e otimizações de cadeia de suprimentos impulsionadas pela IA podem melhorar a eficiência dos recursos e reduzir o desperdício.

Pequenas e médias empresas agroalimentares e pequenas fazendas familiares frequentemente priorizam ingredientes sustentáveis e de origem local, contribuindo para um sistema alimentar mais sustentável e aumentando a biodiversidade. Até mesmo o contato com comunidades indígenas, que possuem um profundo conhecimento de práticas agroflorestais sustentáveis, pode fornecer ensinamentos essenciais sobre produção de alimentos mais sustentável e manejo responsável da terra e da água.

Texto: Ana Luiza Figueiredo

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