Hoje, mais de 2 milhões de pessoas possuem 65 anos ou mais no Brasil. Isso equivale a 10% da população, e esse volume deve quase dobrar nos próximos anos, chegando a 17% em 2039. Os dados são do IBGE e mostram, inclusive, que a população mais madura vai ultrapassar a de pessoas abaixo de 14 anos em breve. E, com isso, toda a sociedade vai mudar junto.
Uma dessas mudanças já está em curso há algum tempo: a digitalização. Mesmo que esse já seja um tema corrente no dia a dia das empresas, quando olhamos para uma parcela específica da sociedade, das pessoas com mais de 50 anos, muitas vezes esse ainda é apenas um termo distante da realidade.
E um dos principais motivos é que as tecnologias, os aplicativos e os sistemas que facilitam o dia a dia não são construídos pensando nas necessidades específicas desse público, que acaba tendo que superar ainda mais barreiras para conseguir usufruir dos benefícios da digitalização.
A digitalização é um movimento que vem acontecendo em todo o mundo há bastante tempo, mas ocorreu de forma ainda mais acelerada desde o começo da pandemia pela necessidade de distanciamento social, que deu ao digital um papel ainda mais relevante na vida de todos.
Reflexo disso foi o resultado de um levantamento de 2021 da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), que mostrou que 97% dos brasileiros com mais de 60 anos disseram acessar a internet, um número significativo em relação aos 68% que afirmavam isso há três anos.
Os benefícios da alfabetização digital entre os 50+
Números como esse mostram que, quando experimentam o mundo digital, seja por vontade ou por obrigação, assim como os mais jovens, as pessoas maduras compreendem as vantagens e adotam esse hábito como parte do seu dia a dia.
Ainda assim há barreiras como a de segurança, e para lidar de forma correta com falsos anúncios e tentativas de golpes é necessário inclusão, educação e compreensão do ambiente. Por isso, incluir os 50+ digitalmente, com sistemas simples, suporte próximo e assessoria nos primeiros passos é essencial.
Prova de que isso funciona é que, enquanto o índice médio de digitalização é de apenas 8% entre o público maduro no Brasil, segundo a Bain & Company, no Agi esse volume chega a 45% entre os 50+.
Atualmente é quase impossível pensar em uma vida sem uso da tecnologia. Por isso, educar e incluir financeira e digitalmente a população madura significa dar autonomia e poder de decisão para essas pessoas.
Além disso, com a expectativa de vida se estendendo ano após ano, garantir que pessoas de todas as idades, capacidades financeiras e localidades tenham conhecimento e acesso fácil à tecnologia e consigam gerenciar a sua vida financeira é dar dignidade e possibilidade de aproveitar melhor a vida.
Uma resposta para o paradoxo alfabetização digital versus digitalização passa por um modelo híbrido de atendimento, o famoso phygital. Esse modelo consegue unir a facilidade e a agilidade dos meios digitais e a assessoria do atendimento presencial, atendendo às necessidades de um público que ainda está à margem ou enfrenta muitas dificuldades para se digitalizar. Além disso, a personalização e o relacionamento, tão valorizados, ganham um terreno muito mais favorável no phygital.
E, mesmo com tantas mudanças nos últimos anos, o que segue igual é a busca por conveniência e por solução dos problemas, logo, garantir a alfabetização digital e inclusão financeira para os 50+ é garantir que essas pessoas sejam independentes e consigam aproveitar as facilidades que deveriam ser possíveis e acessíveis para todas.
Por: Glauber Correa