Reconhecido globalmente pelo talento por trás das câmeras, fotógrafo morreu nesta sexta-feira, aos 81 anos

Um dos maiores nomes da fotografia mundial, Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira (23), em Paris, aos 81 anos. O fotógrafo enfrentava problemas de saúde desde que contraiu malária nos anos 1990, durante uma expedição na Indonésia.

Com uma carreira de mais de cinco décadas, Salgado deixa um legado que vai muito além das fotografias em preto e branco. Tornou-se referência ao retratar questões sociais e ambientais ao redor do mundo, como a realidade de refugiados, trabalhos que exigiam extremo esforço físico, comunidades indígenas e a Amazônia.

História e legado de Sebastião Salgado

Nascido em 8 de fevereiro de 1944, em Aimorés, no interior de Minas Gerais, Sebastião Salgado formou-se em economia, com mestrado pela USP e doutorado na França. Durante a ditadura militar no Brasil, exilou-se em Paris em 1969. Dois anos depois, passou a trabalhar para a Organização Internacional do Café, o que o levou à África – experiência que despertou seu interesse pela fotografia.

A partir de 1973, iniciou sua trajetória como fotojornalista, sempre em preto e branco, linguagem que se tornaria sua marca registrada. Em mais de 120 países, registrou marcos históricos como a Guerra do Golfo (1991), o genocídio em Ruanda (1994) e a febre do ouro em Serra Pelada, no Pará — o maior garimpo a céu aberto do mundo.

Ao longo da carreira, Sebastião Salgado foi reconhecido com prêmios internacionais de prestígio, como o W. Eugene Smith Memorial Fund Grant (1982), o Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes (1998) e a Medalha do Centenário da Royal Photographic Society (1993). Em 2016, foi eleito membro da Academia de Belas-Artes do Instituto de França. Entre suas principais obras estão os livros “Trabalhadores” (1993), “Terra” (1997), “Êxodos” (2000), “Gênesis” (2013) e “Amazônia” (2021).

Em fevereiro de 2024, anunciou sua aposentadoria da fotografia para se dedicar à edição de seu extenso acervo. Desde então, vivia com a esposa, Lélia Wanick Salgado, e o filho, Rodrigo, em Paris.

Veja, a seguir, 10 frases de Sebastião Salgado que inspiram reflexões sobre a forma de ver o mundo, a fotografia e a nós mesmos:

“Não sou religioso, mas acredito na evolução. É uma pena vivermos apenas 80 ou 90 anos no máximo. Se pudéssemos viver mil anos, seríamos capazes de entender nosso planeta mil vezes melhor, e viver de outra forma.”

“A fotografia é a memória de todos nós. É através dela que o mundo nos vê.”

“Os fotógrafos não têm uma profissão. Têm uma forma de viver. Quando eu saio para fotografar, sou um homem totalmente livre, em ligação total com o meu planeta.”

“Não podemos ser apenas espectadores da destruição. Precisamos ser agentes de mudança.”

“Você não fotografa com sua máquina. Você fotografa com toda a sua cultura.”

“Constatamos que o mundo está dividido em duas partes: de um lado a liberdade para aqueles que têm tudo, do outro a privação de tudo para aqueles que não têm nada.”

“Quem não gosta de esperar não pode ser fotógrafo.”

“É preciso ter paciência para esperar o que vai acontecer. Pois algo vai acontecer, necessariamente. Na maioria dos casos, não há como acelerar os fatos. É preciso descobrir o prazer da paciência.

“Não tenho nenhuma preocupação nem nenhuma pretensão de como serei lembrado. É minha vida que está nas fotos e nada mais.”

“As maiores viagens que fiz na vida foram dentro de mim mesmo.”

Fonte: Forbes.com