A FDA (Food and Drug Administration), agência federal de saúde dos Estados Unidos que cuida da segurança alimentar, aprovou a primeira carne cultivada em laboratório para o consumo humano. Segundo o órgão, o mundo está passando por uma revolução alimentícia, e a medida tem por objetivo apoiar a inovação no suprimento de alimentos à população.
Para o país, a decisão é pioneira e permite abre caminho para que ao menos uma empresa específica, a Upside Foods, possa começar a vender sua carne de frango feito em laboratório no mercado americano. No entanto, o empreendimento aguarda uma segunda aprovação, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), para poder colocar o produto nas prateleiras e restaurantes.
Aprovando aos poucos
Os produtos da empresa californiana foram aprovados como “Geralmente Reconhecidos como Seguros” (GRAS), autorização pela qual os fabricantes podem levá-los até agências de saúde para revisão, incluindo amostras. Caso a inspeção determine que o produto é seguro, a FDA emite uma carta à companhia com os dizeres “sem mais perguntas”.
Ao contrário de imitações de carne baseadas em plantas, a carne de laboratório é feita, de fato, de proteína animal, mas de origem diferenciada: são células cultivadas em biorreatores, que poupam a vida dos bichos, mas ainda utilizam material orgânico advindo deles. Nem tudo, no entanto, é vantajoso: pelo menos por enquanto, o maior problema envolvendo o produto é o seu preço.
Fabricar carne em laboratório é um processo incrivelmente caro, então mesmo com as aprovações seguindo seu curso, pode demorar até que os substitutos da carne “abatida” cheguem à mercearia do seu bairro. Até que a popularização da manufatura se concretize, a Upside Foods tem alguns planos.
Inicialmente, colaborações com chefes de cozinha trarão o produto até restaurantes da alta sociedade: a primeira é com Dominique Crenn, chef certificado com estrelas Michelin que irá cozinhar o frango cultivado em seus estabelecimentos. Além de promover o produto na alta cozinha, podendo mostrar como é possível cozinhá-lo muito bem, isso permitirá feedbacks para eventuais melhorias na carne fabricada.
Outras empresas internacionais do ramo já revelaram planos de expandir a produção para os Estados Unidos, como a Good Meat, de Cingapura, e a Future Meat Technologies, de Israel. É questão de tempo até que a carne cultivada se popularize e chegue a países como o Brasil, superando, aos poucos, os entraves regulatórios e de preço — e poupando a vida de milhões de animais globalmente.
Fonte: Upside Foods, FDA, Wired
Por: Augusto Dala Costa