quarta-feira,11 dezembro, 2024

Afinal, o que é inteligência artificial? “A IA somos todos nós”, diz Mustafa Suleyman, CEO da Microsoft AI

Pergunta de sobrinho de seis anos do executivo fez com que ele refletisse sobre como definir a inteligência artificial; vídeo é um dos Ted Talks mais populares de 2024

Por Thâmara Kaoru

“Afinal, o que é uma IA?” Mustafa Suleyman, CEO da Microsoft AI, não esperava que uma pergunta tão simples de seu sobrinho de seis anos, durante um café da manhã qualquer, fosse trazer tanta reflexão, disse ele em abril, durante sua apresentação no TED Talks – vídeo que está entre os mais populares deste ano.

“Afinal, o que é uma IA?” Mustafa Suleyman, CEO da Microsoft AI, não esperava que uma pergunta tão simples de seu sobrinho de seis anos, durante um café da manhã qualquer, fosse trazer tanta reflexão, disse ele em abril, durante sua apresentação no TED Talks – vídeo que está entre os mais populares deste ano.

A dúvida do garotinho Caspian surgiu enquanto ele brincava com PI, um chatbot de inteligência artificial criado por Suleyman em sua última empresa, a Inflection. Para seu sobrinho, a resposta foi que se trata de “um software inteligente que lê a maior parte do texto na internet aberta e pode falar com você sobre o que você quiser”. Caspian, então, questionou: “Certo. Então, é como uma pessoa?”.

Segundo Suleuman, apenas respostas chatas vinham à sua cabeça, o que o fez refletir sobre o motivo pelo qual estava hesitando.

“Vamos ser honestos. Meu sobrinho me fez uma pergunta simples que nós, na área de IA, raramente discutimos. O que estamos realmente criando? O que significa fazer algo totalmente novo, fundamentalmente diferente de qualquer invenção que conhecemos antes? É claro que estamos em um ponto de inflexão na história da humanidade. Em nossa trajetória atual, estamos caminhando para o surgimento de algo que todos estamos lutando para descrever, mas não podemos controlar o que não entendemos. Então, as metáforas, os modelos mentais, os nomes, tudo isso importa se quisermos tirar o máximo proveito da IA e minimizar suas desvantagens.”

Foi então que ele trouxe uma metáfora para explicar o momento atual da inteligência artificial. “A IA deve ser melhor entendida como uma nova espécie digital. Não leve isso ao pé da letra, mas prevejo que a veremos na forma de companheiros digitais, novos parceiros ao longo das nossas jornadas. Quer você acredite que isso acontecerá em 10, 20 ou 30 anos, esta é, na minha opinião, a forma mais precisa e honesta de descrever o que realmente está por vir.”

Ele afirma ainda que, durante anos, a comunidade de IA, e ele também, se referiam à IA apenas como ferramenta. “Mas essa definição não reflete o que está acontecendo aqui. As IAs são claramente mais dinâmicas, mais ambíguas, mais integradas e mais emergentes que meras ferramentas – que estariam inteiramente sujeitas ao controle do ser humano. Então, para colocar o ser humano novamente no centro e mitigar os inevitáveis efeitos não-intencionais que provavelmente surgirão, devemos começar a pensar na IA como se fosse um novo tipo de espécie digital”, afirmou.

Suleyman reforça que isso é só uma analogia, não é uma descrição literal e não é perfeita. “Mas parem por um momento e pensem sobre o que elas já fazem. Elas se comunicam em nossos idiomas. Elas veem o que nós vemos. Elas consomem quantidades enormes de informações. Elas têm memória. Elas têm personalidade. Elas têm criatividade. Elas podem raciocinar até certo ponto e formular planos simples. Elas podem agir de forma autônoma, se permitirmos. E elas fazem tudo isso em níveis de sofisticação muito além do que qualquer ferramenta pode fazer. Então, dizer que a IA é só matemática ou código é como dizer nós, seres humanos, somos principalmente carbono e água.”

O executivo diz ainda que, como a IA ainda está em construção, há a oportunidade de transformá-la em algo melhor. “A IA é para a mente o que a fusão nuclear é para a energia. Ilimitada, abundante, transformadora. E a IA é realmente diferente, e isso significa que temos que pensar nisso de forma criativa e honesta. Temos que levar nossas analogias e metáforas ao limite para podermos lidar com o que está por vir. Porque isso não é apenas mais uma invenção. A própria IA é uma inventora infinita.”

O CEO da Microsoft AI conclui a palestra dizendo que a IA, na verdade, vai além de uma nova espécie digital. “Desde o início da vida na Terra, estamos evoluindo, mudando e criando coisas ao nosso redor. E a IA não é algo fora dessa história. Na verdade, é exatamente o oposto. É o conjunto de tudo que criamos, transformado em algo com o qual todos podemos interagir e nos beneficiar. É um reflexo da humanidade ao longo do tempo e, nesse sentido, não é uma espécie nova, afinal. É aqui que as metáforas terminam”, disse.

Para finalizar, ele contou o que dirá a Caspian quando ele perguntar novamente o que é inteligência artificial. “A IA não está separada. A IA nem mesmo é, em alguns aspectos, algo novo. A IA somos nós”, afirmou. “Somos todos nós. E essa talvez seja a coisa mais promissora e vital de todas que até mesmo uma criança de seis anos pode entender”, disse.

LEIA MAIS

Recomendados