A Bain & Company acaba de apresentar os resultados da mais recente edição de sua pesquisa sobre a adoção da inteligência artificial generativa (GenAI) nas companhias brasileiras. Em relação ao levantamento anterior, cresceu o percentual de empresas que consideram a GenAI como uma das cinco maiores prioridades ‒ eram 48% em fevereiro e hoje são 60%. Mesmo assim, o ritmo de adoção das organizações locais ainda é mais lento se comparado ao dos EUA, onde o percentual sobe para 87%.
No Brasil, poucas companhias se mostram prontas para a implementação da tecnologia. Somente 30% afirmam ter uma visão clara sobre a GenAI e 35% têm um ou mais casos de uso estratégicos relacionados ao negócio. A maioria (85%) reconhece que ainda não tem capacidade para desenvolver e entregar projetos com inteligência artificial generativa. Entre as principais barreiras para iniciar ou ampliar o investimento em GenAI, as empresas brasileiras mencionam estrutura tecnológica não adequada (47%), preocupação com a qualidade das aplicações (28%) e falta de falta de expertise interna ou recursos (25%), o que pode explicar a adoção mais lenta, quando comparada às organizações dos EUA.
Stuart Sim, sócio e Head Global da Bain nas práticas de Gen AI, Advanced Analytics e Data Governance, explica que o impacto dos modelos de linguagem atuais é evidenciado em diferentes frentes: “Nossas pesquisas globais mostram que as companhias se beneficiam com crescimento do NPSⓇ de ao menos 10 pontos percentuais, otimização do tempo dos colaboradores em até 20% e agilidade até 60% maior para a criação e inovação de produtos”, pontua Sim, que atua na Bain em New York e está em visita aos escritórios da consultoria na América do Sul.
Lucas Brossi, Head de Advanced Analytics na Bain na América do Sul, confirma que a GenAi apresenta crescimento no Brasil: “Além das organizações de tecnologia, empresas locais de Customer Service e Marketing estão entre as que têm avançado mais rapidamente no desenvolvimento de casos de uso. Na área de atendimento ao cliente, há redução entre 20 e 65% do tempo dos colaboradores, que acabam por resolver as demandas até cinco vezes mais rápido, gerando um aumento de 2 pontos percentuais no NPS. Na área de Vendas e Marketing, essa redução do tempo dos colaboradores pode chegar a 80% e o custo para criação de conteúdo fica entre 15 e 20% mais baixo. São resultados que atestam como a GenAI justifica os investimentos realizados pelas organizações das mais diferentes indústrias”, explica o executivo.
Ao acompanhar mais de 200 projetos para implementação de GenAI nos últimos dois anos, os executivos da Bain pontuam quatro lições de sucesso que as companhias pioneiras na adoção de GenAI aprenderam:
- Definir e acompanhar uma estratégia de implementação da tecnologia;
- Comece agora e implemente casos de uso em áreas prioritárias;
- Estabeleça a infraestrutura necessária, desenvolva as competências técnicas, defina diretrizes e realize pesquisas para sustentar as aplicações;
- Determine e amplie um novo modelo operacional de GenAi para gerenciar riscos, mudanças e tomadas de decisão.
“A crescente prioridade dada à GenAI pelas empresas brasileiras é encorajadora, mas ainda é preciso evoluir para acompanhar o avanço da tecnologia em outros países mais desenvolvidos. As barreiras identificadas são desafios que podem ser superados com planejamento cuidadoso, no qual a GenAI seja compatível com o modelo operacional da organização. Os benefícios para as empresas estão claros, agora é preciso criar uma abordagem prática e desenvolver estratégias escaláveis para acelerar a adoção dessa tecnologia e, assim, ampliar ainda mais a competitividade e a eficiência das companhias”, complementa Brossi.