A coleção Pace, da On, utiliza poliéster parcialmente produzido a partir de emissões de carbono

As roupas de poliéster geralmente são fabricadas em um processo que utiliza etanol, que costuma ser produzido a partir de petróleo ou gás. Mas uma  nova linha de camisetas, regatas e shorts da On, marca suíça de roupas esportivas, é feita, em grande parte, usando emissões de carbono.

A On fez uma parceria com a LanzaTech, uma empresa de biotecnologia que usa bactérias para transformar as emissões em produtos químicos. A empresa captura o gás de uma usina siderúrgica na China e o alimenta com micróbios dentro de biorreatores. O processo – semelhante ao da fabricação de cerveja – gera subprodutos que podem ser transformados em etanol, o qual, por sua vez, pode ser transformado em poliéster.

Crédito: On

“Nossa empresa pretende se afastar totalmente dos recursos de origem fóssil”, declarou Nils Atrogge, diretor de estratégia de portfólio de inovação da On. Em 2022, após seis anos de pesquisa, a empresa trabalhou com a LanzaTech para criar um protótipo de um par de tênis com uma entressola também feita a partir da poluição do ar.

Cerca de 64% do material que a marca usa para roupas e acessórios já é livre de combustíveis fósseis. As novas peças de vestuário, que compõem a coleção Pace, são um grande passo para atingir essa meta em roupas esportivas tecnológicas.

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O material resultante, que a empresa chama de CleanCloud, é transformado em um tecido de alto desempenho. “Nossas equipes de design de materiais transformam o fio de poliéster em uma peça de vestuário com alta funcionalidade e visual adequado para a prática de corrida”, explica Atrogge.

A empresa explorou alguns métodos diferentes para produzir etanol a partir de emissões de carbono e optou por trabalhar com a LanzaTech depois de analisar a escalabilidade, o tempo de lançamento no mercado, o investimento necessário e a pegada total de carbono.

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No momento, só é possível produzir um tecido com 20% de emissões recicladas. Isso porque o poliéster é feito com 20% de etilenoglicol (a parte produzida a partir do etanol) e 80% de outro material, o PTA, que não pode ser produzido a partir do CO2. A On também está estudando formas de desfossilizar o PTA.

Algumas outras marcas de roupas lançaram coleções cápsulas em colaboração com a LanzaTech, como alguns vestidos casuais da Zara. Mas a On quer tornar este tecido uma parte permanente de sua cadeia de suprimentos.

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“Reduzir nossa pegada é uma parte fundamental da estratégia da empresa”, diz Atrogge. “Queremos ser pioneiros em tecnologias sustentáveis. Isso pode significar que, no início, teremos que pagar um preço mais alto por determinados materiais. No entanto, essa é uma etapa necessária para atrair atenção e demanda e para acelerarmos a economia de escala.”

Ampliar a tecnologia em todo o setor de vestuário “exigirá apetite e investimento não apenas de outras marcas, mas também dos consumidores”, ele ressalta. “Nossa esperança com a coleção Pace é demonstrar que os consumidores têm demanda por opções mais sustentáveis, a fim de que as empresas tomem consciência disso.”

Texto: Adele Peters