quinta-feira,14 novembro, 2024

A Terra está ficando cada vez mais salgada, uma “ameaça existencial” ao abastecimento de água doce

O sal pode contaminar aquíferos, corroer tubulações e acelerar o degelo

A humanidade está mexendo com o “ciclo do sal” da Terra, e isso gera consequências potencialmente perigosas para o abastecimento de água potável, a produção agrícola e os ecossistemas, segundo um novo estudo publicado na revista Nature Reviews Earth & Environment. É a primeira vez que os cientistas documentam até que ponto os humanos alteraram o teor de sal da terra, da água e do ar em todo o mundo.

Pesquisadores americanos descobriram que 2,5 bilhões de acres de solo em todo o mundo ficaram mais salgados, uma área aproximadamente do tamanho de todos os Estados Unidos, e isso está estressando as plantas. O sal está sendo expelido para o ar: em regiões áridas, “os lagos estão secando e enviando nuvens de poeira salina para a atmosfera”, como o Mar de Aral, na Ásia Central, informa reportagem sobre o estudo na Grist.

A poluição salina representa uma “ameaça existencial ao nosso abastecimento de água doce”, dizem os pesquisadores. Pode corroer as tubulações de água potável, agravando a poluição por chumbo no abastecimento de água.

Antes do aparecimento dos humanos, o sal movia-se para a superfície da Terra ao longo de longos períodos geológicos, surgindo à medida que as rochas se partiam e circulando pela água e pelo ar, disponível para os animais e plantas que dele necessitavam. Algumas pesquisas sugerem que o sal foi fundamental para o desenvolvimento da vida na Terra.

Mas esse processo foi acelerado pela industrialização. A salinização foi sobrecarregada por uma série de fatores: irrigação, degelo de estradas, mineração, tratamento de águas residuais e até mesmo a utilização de utensílios domésticos carregados de sal, como detergentes. Os pesquisadores analisaram tipos diferentes de sais, como cálcio e magnésio, e não apenas o cloreto de sódio usados pelas pessoas em suas casas, encontrando tanto que temiam que o sal pudesse causar “danos graves ou irreversíveis em todos os sistemas da Terra”.

Nas zonas costeiras, a subida do nível do mar pode enviar as águas salgadas do oceano para as águas subterrâneas, tornando-as impróprias para beber, e remover o sal da água é difícil e caro. Quando presente no ar, o sal pode alterar a temperatura de congelamento da água e, portanto, acelerar o degelo, apresentando um problema para as comunidades que dependem da neve acumulada para o seu abastecimento de água. Nos casos em que é despejado sobre estradas congeladas para derreter o gelo, o sal pode eventualmente escorre e contaminar riachos e água potável.

Existem métodos disponíveis para diminuir o impacto ambiental e, ao mesmo tempo, ajudar a evitar que os carros derrapem nas estradas. Em Minnesota, os trabalhadores foram treinados para fazer uma “salga inteligente”, reduzindo o uso de sal entre 30 e 70%. A capital Washington usa salmoura de suco de beterraba, com menor teor de sódio do que o sal comum. O estado de Wisconsin incorporou salmoura de queijo, de preferência de provolone e mussarela, em seus esforços para descongelar estradas com menos sal.

Texto: Um só Planeta

Redação
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