Cientistas descobriram que a Taiga está avançando para o Norte, mas não no mesmo ritmo que suas margens do Sul diminuem
Conhecido como Floresta de Coníferas ou Taiga, o bioma que ocupa o norte do planeta, logo ao sul da tundra, que circunda o círculo polar Ártico, parece estar desaparecendo. Esse conjunto de maciços de floresta boreal cobre boa parte do Hemisfério Norte, abrangendo o Alasca, o Canadá, o sul da Groenlândia, a Noruega, a Suécia, a Finlândia, a Sibéria e o norte do Japão.
Com uma área de aproximadamente 12 milhões de km², o bioma é responsável por cerca de 30% da cobertura vegetal do planeta. A localização afastada o manteve distante do extenso impacto humano. Por estar intocado, o seu solo há muito protege o planeta contra o aquecimento, armazenando enormes quantidades de carbono e mantendo-o fora da atmosfera.
Estas características classificam as florestas boreais entre os ecossistemas mais importantes da Terra. Além disso, inúmeras espécies de mamíferos, peixes, plantas, insetos e pássaros fazem dessas florestas o seu lar.
Dado que essas áreas enfrentam invernos abaixo de zero e verões curtos, o aquecimento do planeta faz com que a Floresta de Coníferas as os animais que nela vivem se desloquem, vagarosamente, para o topo do planeta, em busca de áreas mais geladas.
Contudo, esse avanço para o Norte, segundo cientistas, tem sido irregular e mais lento do que o esperado. Ao mesmo tempo, a sua retirada do Sul tem sido mais rápida do que previsto.
Estudiosos do ecossistema afirmaram, em um ensaio para o The Conversation, que há evidências preocupantes de que, à medida que o mundo aquece, a sua maior área florestal parece estar diminuindo. O artigo foi escrito por Ronny Rotbarth, da Wageningen University, David J. Cooper, da Colorado State University, Logan Berner, da Northern Arizona University, e Roman Dial, da Alaska Pacific University.
O estudo analisou que estas florestas estão aquecendo a taxas muito acima da média global. O aumento das temperaturas afeta diretamente o crescimento e a sobrevivência das árvores e, por sua vez, a sua capacidade de armazenar carbono.
Nas áreas mais ao sul, as condições se tornaram insustentáveis para as árvores boreais, retardando o seu crescimento e até levando à sua morte. Com o aquecimento, vem a seca e o estresse hídrico, deixando as árvores mais susceptíveis à infestação de insectos e aos incêndios, como aconteceu no Canadá em 2023 e na Sibéria em 2019 e 2020.
Ao mesmo tempo, no Norte do Alasca, por décadas foram observadas coníferas crescendo e se desenvolvendo acima da linha comum, em busca de temperaturas mais geladas, o que poderia significar uma compensação da área perdida.
Segundo os cientistas, se as florestas boreais se expandissem para o norte e recuassem para o sul no mesmo ritmo, poderiam acompanhar lentamente o aumento das temperaturas. No entanto, a investigação feita usando satélites e estudos de campo, mostrou que a situação é mais complexa.
“A nossa investigação combinada mostra que as florestas boreais estão, de fato, respondendo ao aumento das temperaturas. Mas as rápidas taxas de mudança climática significam que as árvores provavelmente não conseguirão se mover para o norte a um ritmo que acompanhe a sua perda no sul”, disseram os pesquisadores. A conclusão do estudo é de que acompanharemos a contração dessa faixa floresta nas próximas décadas.
Fonte: Redação Casa e Jardim