quarta-feira,27 novembro, 2024

A inovação corporativa não está morta

No segundo dia de Web Summit em Lisboa continuamos sendo metralhados com dados e cases de fintechs, climatetechs, web3 e afins. As trilhas que ocorrem em paralelo às apresentações do palco principal (na impactante Altice Arena) possuem agenda lotada de pequenas apresentações – às vezes com 10 minutos de duração – com provocações impactantes, que muitas vezes deixam um gostinho de “quero mais”.

Para trazer um conteúdo mais aprofundado e com espaço para discussão entre panelistas e participantes, algumas masterclasses são ofertadas e a escolhida do dia, numa tradução aproximada, foi: “Lições do empreendedorismo corporativo – a inovação corporativa está morta?”. E já respondo que não, não está.

Destaco as principais lições compartilhadas na discussão entre consultora, empresária de um grande grupo global, um venture capitalista independente e um empresário de empresa tech, que considero extremamente relevantes para todos que desejam manter suas organizações vivas e gerando valor:

1.A estratégia deve ser ambidestra: os três horizontes de inovação (teoria elaborada pela consultoria McKinsey e apresentada pela primeira vez no livro A Alquimia do Crescimento) precisam coexistir nas empresas, com esforços e recursos direcionados tanto para operacionalizar o incremental (horizonte 1) quanto para desenvolver aquilo que é completamente novo (horizonte 3). Muitas vezes as empresas se encantam na execução da inovação incremental, aquela que traz resultado mais rápido e apresenta menos riscos, esquecendo que o maior impacto transformador será percebido com o horizonte 3.

2.É mandatório conectar a corporação ao ecossistema de inovação. Os líderes precisam ter clareza de que os melhores recursos humanos do mundo não podem estar todos dentro de sua organização. E por isso, dificilmente um novo produto ou serviço será criado com excelência sem considerar experiências e percepções distintas. Uma organização não consegue jogar em todas as áreas, da melhor forma, sem a participação de um agente externo.

3.É preciso método para inovar de forma consistente. E para isso, a escolha do framework é passo decisório para os resultados da agenda de inovação das corporações. Os momentos de fomento (que às vezes chamamos de bright moments) precisam acontecer, mas acompanhados de um framework que dará continuidade ao fluxo da inovação.

4.Testar para aprender, e não para comprovar. É comum ouvirmos que é preciso testar rápido e barato para promover inovação nas organizações. Mas esta discussão, sobre o objetivo principal de uma etapa de experimentação, muitas vezes não acontece entre as equipes de inovação ou com as lideranças. Para isso, precisamos promover ambientes de segurança psicológica, em que os colaboradores se sintam estimulados a arriscar, sabendo que o objetivo principal da etapa será aprender, sem a pressão por gerar resultados.

Não existe receita de bolo para gerenciar inovação em grandes corporações. Fato é que, no fim, independentemente do tamanho ou do mercado de atuação, as áreas de inovação sofrem com as mesmas dores e pressões. Segundo o relatório “The Corporate Innovation Imperative”, publicado em 2017, um líder de inovação corporativa permanece, em média, 3,2 anos na posição. Porém, a organização que se estrutura com um framework que faça sentido, que permanece conectada ao ecossistema e equilibrando esforços entre horizontes, não vai deixar a inovação corporativa morrer.

Patricia Grabowsky é gerente de Inovação na Ocyan.

Redação
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