Ao mesmo tempo em que a tecnologia avança, a necessidade de desenvolver e reter talentos capazes de identificar oportunidades é urgente.
Não há dúvidas de que manter o foco em tecnologia é fundamental no atual cenário competitivo, onde ela se torna, a cada dia, mais preponderante para a inovação e sucesso. Porém, muitos especialistas entendem que inovação dentro das empresas vai além da aquisição de tecnologias de ponta e de ferramentas em Inteligência Artificial (IA) para resolução rápida de problemas.
Shirley Fernandes, fundadora e sócia-diretora da N1 IT, empresa do Grupo Stefanini especializada em soluções de Tecnologia da Informação, com foco em consultoria em cloud services, modern work e segurança digital, diz que a inovação se dá, principalmente, em como as empresas adquirem, moldam e adaptam essas tecnologias às realidades e necessidades internas e, principalmente, em como apresentam essa força para seus clientes.
“Temos que considerar a inovação tecnológica como uma jornada, um processo e uma transformação cultural e de mindset. Afinal, a era digital, impulsionada pela IA, trouxe uma transformação profunda no modo de como as empresas operam e competem”, diz Shirley.
Nesse cenário, a especialista aponta o valor da “gestão do conhecimento”, que emerge como um fator crucial para o sucesso organizacional e para o fruto inovativo. “Ao mesmo tempo em que a tecnologia avança a passos largos, urge a necessidade de desenvolver e reter talentos capacitados capazes de identificar oportunidades, analisar de forma estratégica, adotar de forma consciente e ser agente transformador nos negócios”, avalia a especialista.
Conhecimento: novo fator de produção
Para Shirley, quanto mais conhecimentos existentes você tem dentro de uma empresa, de uma forma estruturada, mais essa empresa conseguirá dar passos para inovar.
“O conhecimento é um novo fator de produção. Quanto mais o utilizamos, mais o conhecimento cresce e, quanto mais é compartilhado, mais ele se amplia. Um saber ampliado, fazendo essa gestão dele, exige o que chamamos de inteligência organizacional”, pontua.
Shirley cita a pesquisa, Microsoft Work Trend Index 2024, como exemplo. O estudo revela que a Inteligência Artificial (IA) já faz parte do dia a dia das empresas. No entanto, o documento destaca que a adoção dessa tecnologia exige um novo conjunto de habilidades por parte dos funcionários. A capacidade de aprender continuamente, adaptar-se a novas ferramentas e trabalhar em colaboração com máquinas se tornou essencial.
Shirley avalia que agora é necessário pensar esses requisitos para além do digital como conhecíamos antes. “O boom que a IA generativa trouxe para a sociedade está desenhando um novo modo de se relacionar com as máquinas e um novo modelo mental necessário regado de soft e hard skills importantes para um bom processo inovativo”, diz.
A gestão do conhecimento para inovar
Com essa necessidade latente da gestão do conhecimento de forma sinérgica e com a rápida evolução da tecnologia, Shirley entende que o mercado exige que os colaboradores estejam sempre atualizados, com domínio de novas ferramentas e softwares para maximizar o seu potencial. Ou seja, praticando e administrando novos conhecimentos para inovar.
“A gestão do conhecimento está totalmente voltada à inovação. Se você não cria novos conhecimentos, você não tem a possibilidade de organizar toda a inteligência organizacional da sua empresa e muito menos de chegar num patamar de inovação”, complementa.
Sobre a nossa capacidade de gestão do conhecimento, Shirley entende que essa qualidade exige hoje uma abordagem estratégica e, claro, apoiada em novas tecnologias. A especialista elenca três aspectos específicos:
- Identificação e captura do conhecimento: É fundamental identificar e capturar o conhecimento tácito e explícito da organização, seja ele proveniente de documentos, processos, pessoas ou tecnologias;
- Compartilhamento do conhecimento: Este é um ponto que deve ser explorado ao máximo, pois o conhecimento em si precisa ser compartilhado de forma clara e acessível a todos os colaboradores, utilizando ferramentas e plataformas digitais de gestão do conhecimento e Inteligência Artificial;
- Criação de uma cultura de aprendizado: A cultura organizacional deve estimular a troca, aprendizagem contínua e o intercâmbio de conhecimento. Uma cultura forte e que reforce esses pontos é essencial para que a capacitação seja efetiva.
A gestão do conhecimento certamente é um imperativo para as empresas que desejam se manter inovadoras e competitivas. Mas requer dedicação e trabalho. “Esta não é uma tarefa rápida ou fácil, mas os frutos dessa jornada são reais e com resultados visíveis. Construir uma base sólida permite que as empresas se mantenham competitivas e relevantes e que, sobretudo, sejam um case de sucesso em aproveitamento de tecnologias emergentes”, conclui Shirley.
Com avanços rápidos em tecnologias como GenAI, e o papel humano na aplicação e construção de bons resultados, as empresas que entenderem o valor do conhecimento – e da capacitação – estarão na linha de frente da inovação nos próximos anos.
Por Marcelo Brandão