Nos últimos anos, a segurança cibernética tornou-se uma preocupação central para governos, empresas e indivíduos. Com o aumento exponencial de incidentes e vulnerabilidades, é crucial entender as tendências que moldam o cenário da segurança digital.  

Os números falam por si. Em 2023, o Centro de Prevenção, Tratamento e Resposta a Incidentes Cibernéticos de Governo (CTIR Gov) registrou um total alarmante de 10.223 incidentes cibernéticos, um aumento significativo em relação aos anos anteriores. Em 2024, até agora, já foram contabilizados 3.572 incidentes, indicando que a tendência de crescimento continua. O total de vulnerabilidades também é preocupante, com 6.270 notificações em 2024, refletindo a fragilidade de muitos sistemas em face de ameaças cada vez mais sofisticadas. 

Entre os tipos de ataques em ascensão, os vazamentos de dados se destacam, com 4.588 notificações em 2024. Este tipo de incidente não apenas compromete informações sensíveis, mas também pode causar danos irreparáveis à reputação de uma organização. Além disso, os ataques de phishing totalizaram 282 incidentes e continuam a ser uma das táticas mais utilizadas pelos cibercriminosos. 

Phishing é um tipo de golpe em que criminosos tentam obter informações confidenciais, passando-se por entidades ou pessoas confiáveis para enganar as vítimas. O objetivo é obter dados como senhas, números de cartões de crédito, informações pessoais e bancárias. Esse golpe geralmente ocorre por meio de e-mails, mensagens de texto, redes sociais ou sites falsos que aparentam ser legítimos.  

“O phishing sempre depende de alguma ação humana para ter sucesso, uma vez que o golpe se baseia em enganar a vítima para que ela, de alguma forma, colabore com o criminoso. Por exemplo: Alguém liga se identificando como suporte técnico da sua operadora de internet, alegando que detectaram problemas na sua rede. Pedem para você instalar um software que permite controle remoto, mas, na verdade, estão tentando acessar suas informações pessoais”, explica Yanna Gattas, analista de projetos na Inovally, empresa referência em a adequação à LGPD em Mato Grosso.  

Outro ponto de atenção são as vulnerabilidades de criptografia, que somaram 952 notificações. A criptografia é uma linha de defesa crucial, e falhas nesse aspecto podem abrir portas para ataques devastadores. A evolução das técnicas de ataque, como o uso de ransomware (um tipo de software malicioso de sequestro de dados), embora ainda em números baixos, não deve ser subestimada, pois a natureza desses ataques é altamente disruptiva e pode paralisar operações inteiras. 

Mas à medida que avançamos, o futuro da segurança cibernética será moldado por várias tendências. Veja: 

Adoção de Inteligência Artificial (IA) 

A IA está se tornando uma ferramenta vital tanto para atacantes quanto para defensores. Enquanto os cibercriminosos utilizam IA para automatizar ataques e personalizar fraudes, as organizações estão investindo em soluções de IA para detectar e responder a ameaças em tempo real. 

Aumento da Regulação 

Com o crescimento dos incidentes, espera-se que governos implementem regulamentações mais rigorosas sobre proteção de dados e segurança cibernética. Isso pode incluir penalidades severas para organizações que não protejam adequadamente as informações dos usuários. 

Educação e Conscientização 

A formação contínua de funcionários e usuários sobre as melhores práticas de segurança será fundamental. A conscientização sobre phishing e outras táticas de engenharia social pode reduzir significativamente a eficácia desses ataques. 

Segurança em Nuvem 

Com a migração para a nuvem, a segurança cibernética precisará se adaptar. As empresas devem garantir que suas soluções em nuvem sejam robustas e que os dados estejam protegidos contra acessos não autorizados. 

Colaboração Internacional 

Os ataques cibernéticos não conhecem fronteiras. A colaboração entre países e organizações será essencial para combater ameaças globais e compartilhar informações sobre vulnerabilidades e ataques emergentes. 

A evolução dos ataques cibernéticos é um reflexo da crescente complexidade do mundo digital. À medida que as ameaças se tornam mais sofisticadas, a necessidade de uma abordagem proativa e colaborativa em segurança cibernética se torna mais evidente.  

“É fundamental se proteger desses ataques, e para isso, o primeiro passo é realizar a adequação à LGPD, e a partir disso, o mapeamento e inventário de dados. Isso envolve identificar quais tipos de dados são coletados, onde estão armazenados, quem tem acesso a eles, como são processados e compartilhados, e qual o nível de sensibilidade de cada categoria de dados”, explica Yanna. 

O futuro exigirá que todos, desde indivíduos até grandes organizações, estejam vigilantes e preparados para enfrentar os desafios que estão por vir. A segurança cibernética não é apenas uma responsabilidade técnica, mas uma prioridade estratégica que deve ser incorporada em todas as facetas da operação moderna. 

Milena Vilar
Milena Vilar é jornalista de Inovação no 360 News apaixonada pela escrita criativa. Escreve colunas de opinião sobre Inovação, Cidades Inteligentes, Cultura, Sociedade eMulheres. Produz matérias dos mais diversos temas, promovendo transformação de ideias e informando com seriedade.